A ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) pediu, nesta segunda-feira (12), a libertação imediata de 12 jornalistas etíopes presos para "evitar que investiguem de forma independente o conflito na região do Tigré."
A maioria dos comunicadores, entre os quais se encontra um youtuber crítico ao governo, foram detidos em 29 de junho em Adís Abeba, a capital do país etíope, informou a organização internacional de defesa da liberdade de imprensa em um comunicado.
RSF destacou que não recebeu nenhuma explicação até 2 de julho, quando a polícia afirmou que sua detenção ocorreu devido a "sua afiliação a um 'grupo terrorista' recentemente proibido pelo Parlamento etíope, o Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF)".
Este partido, do qual procedem as autoridades regionais do Tigré, foi acusado pelo primeiro-ministro Abiy Ahmed de ter orquestrado ataques militares contra as bases do exército federal.
O chefe do Executivo etíope lançou em novembro uma operação militar na parte norte do país para desarmar e capturar os líderes do TPLF.
Depois de oito meses de confrontos, os militares se retiraram no final de junho devido ao avanço das tropas pró-TPLF.
"Condenamos essas prisões em massa de jornalistas, que pretendem claramente evitar que eles investiguem de forma independente o conflito na região do Tigré", declarou o responsável da de RSF na África, Arnaud Froger.
"Essas detenções realizadas na maior opacidade são mais impactantes principalmente após o Parlamento etíope votar, há apenas alguns meses, uma nova lei de mídia que descriminaliza a maioria dos crimes de imprensa. RSF exige a libertação imediata e sem condições desses jornalistas", afirmou.
No fim de semana, a Comissão etíope dos Direitos Humanos, um órgão independente, mas que pertence ao governo, expressou sua preocupação com as prisões, ao alegar que "os detidos não obtiveram o direito à visita de seu advogado e de um familiar."
* AFP