O número de mortes após o desabamento de um prédio residencial na Flórida subiu para 16, informou a prefeitura de Surfside nesta quarta-feira (30). A esperança de encontrar sobreviventes diminuiu no sétimo dia de buscas a mais de 140 pessoas ainda desaparecidas.
Um prédio de 55 apartamentos de frente para o mar, parte do complexo Champlain Towers South, localizado perto de Miami, desabou na madrugada da última quinta-feira (24) em um dos piores desastres urbanos na história dos Estados Unidos.
— Encontramos quatro novas vítimas. O número de mortos é de 16 — disse a prefeita Daniella Levine Cava, em coletiva de imprensa.
O coronel Golan Vach, comandante da unidade do exército israelense especializada em operações de busca e resgate, disse que ele e outros integrantes da equipe encontraram o que chamou de túneis entre os escombros. Um dos casos era o espaço entre as varandas de apartamentos que desabaram.
— Entre eles, havia um grande espaço de ar — disse. — Nos arrastamos pelos túneis. Chamamos as pessoas e infelizmente não encontramos nada.
Quase uma semana depois da tragédia, Vach afirma que a esperança de encontrar sobreviventes é "muito, muito pequena".
— Devemos ser realistas — acrescentou.
Um venezuelano e uma uruguaia-venezuelana foram identificados entre os mortos. Há pelo menos outros 29 latino-americanos dos quais ainda não há notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile.
"Como um terremoto"
O Champlain Towers South, de 12 andares e construído há 40 anos, destacava-se pela sua silhueta bege em meio às residências modernas com fachadas de vidro. O complexo contava com 136 apartamentos, ocupados pelos seu proprietários ou inquilinos. As unidades com vista para o mar foram as que desabaram, por alguma razão que ainda está sendo investigada.
O colapso parcial do edifício está sendo tratado por socorristas e especialistas de todo os Estados Unidos e também de Israel e do México. A equipe de 15 especialistas israelenses chegou no domingo (27).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará o local na quinta-feira com a primeira-dama Jill Biden, para assegurar que os funcionários federais e locais têm tudo o que precisam para seus trabalhos e para consolar as famílias das vítimas.
Os moradores do prédio de Champlain Towers South que sobreviveram contam que acordaram por volta de 1h30min (2h30min no horário de Brasília) de 24 de junho devido a um barulho que soou como trovões e sacudiu seus apartamentos.
— Foi como um terremoto — disse à AFP Janette Agüero, que escapou do 11º andar junto com sua família.
Os bombeiros que chegaram momentos depois da queda ajudaram a retirar dezenas de residentes e retiraram um adolescente vivo dos escombros.
Porém, desde então, ninguém saiu com vida das ruínas, apesar da grande quantidade de socorristas que trabalham com a ajuda de guindastes e cães farejadores, em um calor sufocante e em meio a chuvas e tempestades intermitentes.
— Atualmente há 210 pessoas trabalhando no local — disse na terça-feira a prefeita do condado.
"Combinação de fatores"
Os especialistas estão analisando possíveis falhas críticas pré-existentes na estrutura do prédio residencial. Em abril, a presidente da associação de proprietários de Champlain Towers South, Jean Wodnicki, alertou os residentes que seu edifício, construído em 1981, sofria uma "deterioração" crescente.
Segundo Agüero disse à AFP, "a garagem sempre parecia estar em mau estado, havia rachaduras, estava inundada o tempo todo".
No entanto, o engenheiro Allyn Kilsheimer, enviado pela cidade de Surfside para investigar a causa do colapso, declarou nesta quarta-feira à CBS que não detectou nada que fizesse pensar em um desabamento iminente. Provavelmente "uma combinação de fatores" provocou a queda, disse.
O especialista, que também analisou os atentados do 11 de setembro e o terremoto da Cidade do México em 1985, disse que "todo tipo de coisa" pode ter influenciado, desde uma "explosão" até "o choque de um carro contra uma coluna" ou "problemas com a laje ou com o cimento". Os investigadores estimam que levará meses para saber exatamente o que aconteceu.