A candidata de direita Keiko Fujimori solicitou nesta segunda-feira (28) ao presidente do Peru, Francisco Sagasti, que ele peça auditoria internacional sobre o segundo turno das eleições presidenciais peruanas de 6 de junho, alegando irregularidades na apuração, cujo resultado final favorece seu adversário, Pedro Castillo (de esquerda).
— O pedido que se faz ao presidente é para um chamado de especialistas internacionais, como se fez na Bolívia — disse Fujimori a jornalistas após entregar uma carta com seu pedido na sede do Executivo peruano.
A candidata leu em seguida o conteúdo da carta, onde expressa a Sagasti que "requisite junto a organismos internacionais a realização de uma auditoria eleitoral".
O objetivo é que "uma entidade independente possa revisar os colégios eleitorais, as atas de votação, a lista de eleitores, o sistema informático usado, entre outros, e determine se os resultados processados e contabilizados pela Organização de Processos Eleitorais (ONPE) representam o reflexo fiel da vontade popular".
O fujimorismo alega uma suposta fraude nas eleições, mas observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), dos Estados Unidos e da União Europeia disseram que as eleições foram limpas e apoiaram o trabalho da ONPE e do Júri Nacional Eleitoral (JNE).
Aliados da candidata afirmam que têm a esperança de concretizar a auditoria por meio da OEA. No entanto, fontes diplomáticas consultadas pela agência de notícias AFP informaram que são autorizados a fazer tal pedido para a OEA "o Poder Executivo do Peru ou o JNE, não um grupo de cidadãos".
A apuração do ONPE, que alcançou 100% há duas semanas, deu a Castillo 50,12% dos votos contra 49,87% para Fujimori, uma diferença de 44 mil votos.
O Peru vive tensão permanente há três semanas porque, antes de proclamar o vencedor, ainda falta ao JNE terminar de revisar as impugnações de milhares de votos apresentadas por Fujimori.
— Queremos saber a verdade, não somos a favor de nenhum candidato. (...) Queremos que venha uma auditoria da OEA — disse no fim de semana o legislador eleito e almirante reformado Jorge Montoya, um aliado que apoia seu pedido.
O relatório da auditoria da OEA sobre as eleições de 2019 na Bolívia concluiu que houve "manipulação dolosa" naquele país.
Os fujimoristas começaram as suas reivindicações no terceiro dia da apuração, quando Castillo reverteu a vantagem inicial que tinha sua candidata até aquele momento.
Nas manifestações, os simpatizantes de Fujimori pedem "novas eleições", enquanto os seguidores de Castillo exigem que ele seja proclamado vencedor.