O presidente de Ruanda, Paul Kagame, saudou nesta quarta-feira (7) o relatório Duclert sobre o papel da França no genocídio de 1994, afirmando que "marca um passo importante em direção a um entendimento comum do que aconteceu".
O relatório produzido por vários pesquisadores e apresentado em 27 de março ao presidente francês Emmanuel Macron "também marca uma mudança, mostra um desejo até mesmo dos líderes da França de avançar com um bom entendimento do que aconteceu. Estamos felizes com isso", acrescentou Paul Kagame em um discurso proferido na cerimônia de recordação do genocídio.
"O importante é continuar trabalhando juntos para documentar a verdade", ressaltou o chefe de Estado.
"Ruanda também dará sua opinião em um futuro próximo, talvez na terceira semana deste mês", disse ele, referindo-se a um relatório que está sendo preparado por uma comissão ruandesa.
"As conclusões [desse relatório] vão na mesma direção", apontou Kagame, que na época do genocídio era o líder dos rebeldes tutsis da Frente Patriótica de Ruanda (RPF) que lutavam contra o regime extremista hutu.
A relatório francês, dirigido pelo historiador Vincent Duclert, traça uma fotografia devastadora da atitude das autoridades francesas na época.
Embora assegure que "nada prove" que a França foi cúmplice do genocídio, afirma que tem "responsabilidades avassaladoras" na tragédia, em particular por ter "fechado os olhos" ao genocídio iminente.
Nesta quarta-feira, a França anunciou a abertura ao público de arquivos importantes sobre Ruanda para promover a "verdade histórica" sobre o genocídio dos tutsis em 1994.
* AFP