Quase 200 pessoas morreram nos últimos seis dias em supostos ataques de extremistas islâmicos no oeste do Níger, mais da metade dos quais no domingo, na região de Tahoua - apontam balanços fornecidos por fontes oficiais.
Ataques no domingo por homens armados contra aldeias na região de Tahoua "resultaram na morte de 137 pessoas", anunciou o governo nigerino na noite desta segunda-feira (22).
"Ao atacar sistematicamente os civis, esses bandidos armados estão levando seu horror e barbárie um passo adiante", denunciou o porta-voz do governo, Zakaria Abdourahmane, em um comunicado lido na televisão pública.
O balanço anterior de mortos no domingo era de 60, de acordo com as autoridades.
O ataque de domingo se seguiu a outros cometidos em várias cidades na região de Tillabéri em 15 de março, que mataram 66 civis, segundo um balanço do ministro do Interior, Alkache Alhada.
Este aumento dos ataques representa um grande desafio para o novo chefe de Estado, Mohamed Bazoum, que sucederá a Mahamadou Issoufou depois que sua vitória nas eleições de fevereiro foi confirmada no domingo pelo Tribunal Constitucional do Níger.
Ontem, homens armados em motocicletas "atiraram em tudo que se movia" nas aldeias de "Intazayene, Bakorat e Wistane", bem como em "campos circundantes" na região de Tahoua, declarou à AFP uma autoridade local.
A região de Tahoua é vizinha de Tillabéri, e ambas estão perto da fronteira com o Mali.
A região de Tillabéri está localizada na área conhecida como "três fronteiras", nos limites de Níger, Mali e Burkina Faso, regularmente atacada por grupos extremistas filiados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI).
Em 15 de março, supostos jihadistas realizaram vários ataques a veículos que voltavam do grande mercado semanal de Banibangou. Eles também atacaram a vila de Darey-Daye, matando seus habitantes e incendiando carros e celeiros. No total, foram registradas 66 mortes.
No mesmo dia, um ataque reivindicado pelo EI contra o Exército do Mali nesta "zona de três fronteiras" deixou 33 soldados mortos.
Até agora, a região de Tillabéri foi palco dos ataques mais sangrentos. Em 2 de janeiro, 100 pessoas foram mortas em ataques na área de Ouallam por homens armados que também chegaram em motocicletas.
Mohamed Bazoum, eleito presidente em 21 de fevereiro, prometeu combater a insegurança no país, um dos mais pobres do mundo e que também enfrenta a rebelião do grupo jihadista nigeriano Boko Haram no sudeste.
"Depois do massacre de Banibangou, terroristas espalharam o caos ontem [...] contra os pacíficos civis de Intazayene e Bakorat", lamentou Bazoum em um tuíte nesta segunda-feira, no qual transmitiu suas condolências aos familiares das vítimas.
Após o massacre de 15 de março, o Exército nigerino enviou reforços para Tillabéri.
Além disso, o Chade implantou um contingente de 1.200 soldados na área das três fronteiras, no âmbito do dispositivo antijihadista "G5 Sahel" que agrupa cinco países (Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade) desde 2017.
Da mesma forma, Níger, Mali e Burkina Faso contam com o apoio da operação antijihadista francesa Barkhane, com 5.100 soldados destacados no Sahel.
* AFP