O impasse entre o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e o atual presidente, Donald Trump, sobre os resultados da eleição, interfere na capacidade de próximo governante se preparar para administrar a Casa Branca. Três dias após vários meios de comunicação declararem o democrata vencedor, o governo atual tem resistido a fazer a admissão em geral protocolar de derrota, que dará ao ex-vice-presidente meios para avançar com a transição.
Agora, assessores de Biden pedem à Administração de Serviços Gerais, uma agência governamental pouco conhecida, para identificá-lo como o vencedor da disputa, com o argumento de que as contestações judiciais lançadas pelo atual líder têm pouca chance de prosperar.
A equipe do presidente eleito avalia ir à Justiça se a agência não fizer a designação com rapidez. Um porta-voz do órgão disse na manhã desta terça-feira (10) que a designação ainda não foi feita.
Como manda a Lei de Transição Presidencial, de 1963, essa agência normalmente expede uma carta, poucas horas depois do anúncio do vencedor pela imprensa (não há um órgão superior eleitoral nos EUA), que dá a largada na transição. Na prática, trata-se de um documento assinado pela chefe do órgão, que libera recursos para o pagamento de salários a novos funcionários (este ano, orçado em US$ 9,9 milhões).
A Administração também viabiliza acessos burocráticos fundamentais para a transição — desde crachás para que os representantes de Biden possam entrar nos prédios públicos, passando por senhas para acesso aos computadores, informações de andamento de projetos até, mais delicado, documentos confidenciais do governo.
Funcionários do governo Trump instruíram agências federais a não avançar com atividades de transição até que Biden seja formalmente declarado vencedor pela agência mencionada, segundo fontes ligadas ao assunto.