Em meio ao ressurgimento da covid-19 no Reino Unido, o governo britânico foi duramente criticado, nesta terça-feira (15), pela escassez de testes de diagnóstico, o que levanta preocupações de que os serviços de saúde serão limitados por falta de pessoal. Praticamente inexistente no início da pandemia, a capacidade de realizar exames aumentou de forma considerável nos últimos meses até chegar, segundo as autoridades, a 300 mil por dia.
Cada vez mais pessoas relatam, porém, não terem acesso a testes, ou que precisam percorrer longas distâncias para conseguir se submeter a um. O governo alega que este quadro se deve ao repentino aumento da demanda, com a reabertura de escolas e o retorno de funcionários ao trabalho.
Os testes insuficientes estão levando mais e mais profissionais de saúde, especialmente em Londres, a se imporem um autoconfinamento, se eles, ou alguém próximo, apresentam sintomas e não podem ser testados, afirmou o chefe de serviços hospitalares da saúde pública britânica, Chris Hopson.
Hopson pediu que o pessoal de saúde e os doentes tenham prioridade sobre aqueles que pedem um teste por precaução.
— Agora temos casos de pacientes que deveriam ser tratados e não podemos tratá-los, porque (o pessoal de saúde) não tem acesso ao exame — lamentou.
De acordo com o jornal The Times, com a reabertura das escolas e a necessidade de testes em asilos, a demanda supera em muito os cerca de 200 mil exames que são realizados diariamente. Além disso, não há testes disponíveis nas 10 regiões do país mais afetadas pelo coronavírus.
No domingo (13), o jornal Sunday Times publicou que o Reino Unido deve enviar testes para Itália e Alemanha. Pelo menos 185 mil análises estão à espera de resultados. Questionada pela BBC, a ministra do Interior, Priti Patel, garantiu que o governo continua a "aumentar" a capacidade, mas insistiu em que apenas pessoas com sintomas devem ser testadas.
Depois de registrar uma redução considerável nas infecções após o confinamento, o Reino Unido tem um novo surto de covid-19, com cerca de 3 mil positivos diários há mais de uma semana. É o país mais atingido na Europa, com 41,6 mil mortes confirmadas.