A líder da oposição bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya afirmou nesta terça-feira (25) que uma "revolução pacífica" está acontecendo no país, apesar da repressão do governo, que deseja conter o movimento contra o presidente Alexander Lukashenko.
A onda de manifestações, inédita desde a chegada ao poder de Lukashenko em 1994, entrou na terceira semana, sem registrar uma queda no número de participantes, apesar das declarações bélicas do presidente.
"Somos a maioria agora. Uma revolução pacífica está em curso. Não é uma revolução geopolítica (...) e sim uma revolução democrática", afirmou por videoconferência durante uma reunião com membros do Parlamento Europeu.
Tikhanovskaya, que buscou refúgio na Lituânia, rebateu os termos "pró-Rússia ou anti-Rússia" e "pró ou anti-UE" sobre os protestos, que o presidente Lukashenko se esforça para apresentar como um complô ocidental para provocar uma mudança de regime e enfraquecer as relações entre Minsk e Moscou.
"Meu país está em crise", declarou a opositora, que criticou as detenções, desaparecimentos e mortes de manifestantes.
A opositora, que falou de uma cozinha e apareceu no telão do Parlamento Europeu, afirmou que a manifestação de 23 de agosto em Minsk foi a "maior da história de Belarus" e destacou que as "tentativas de repressão violenta não enfraqueceram, apenas reforçaram a determinação da nação.
Em sua convocação, cerca de 3.000 pessoas se reuniram no centro de Minsk na terça-feira à noite, enquanto cerca de 1.000 apoiadores de Lukashenko fizeram o mesmo em outras partes da capital.
O Supremo Tribunal bielo-russo rejeitou na terça-feira o pedido de reconhecimento dos resultados da eleição presidencial como inválidos.
- Negociações -
O movimento de protesto começou após o anúncio dos resultados da eleição presidencial de 9 de agosto, que apontaram a vitória de Lukashenko com 80% dos votos, o que a oposição atribui a uma fraude.
"Nossas demandas são simples: eleições livres e justas", insistiu Tikhanovskaya, antes de afirmar que está disposta "a negociar com as autoridades" e aceitar uma mediação de organizações internacionais, ao mesmo tempo que pediu respeito à "soberania de Belarus".
O número dois do Departamento de Estado dos EUA, Stephen Biegun, se encontrou com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em Moscou, nesta terça-feira, depois de se encontrar com Tijanóvskaya em Vilnius.
Biegun "condenou o uso da violência" e expressou seu apoio "à soberania de Belarus e ao direito de seu povo à autodeterminação", segundo a porta-voz da embaixada dos Estados Unidos na Rússia, Rebecca Ross.
A UE sancionará provavelmente de 15 a 20 pessoas por seu papel na fraude eleitoral e na repressão a oponentes, disse uma autoridade europeia sênior na terça-feira.
Os líderes europeus também exigiram que o presidente russo, Vladimir Putin, pressione Lukashenko para que aceite o diálogo com a oposição.
Mas o Kremlin considera que a crise política na ex-república soviética é um "assunto interno" e condena as "tentativas de interferência estrangeira".
- Detenções de opositores e grevistas -
As autoridades multiplicaram nos últimos dias as detenções de opositores e grevistas.
Como demonstração da pressão crescente, a escritora Svetlana Alexievich, prêmio Nobel de Literatura em 2015, foi convocada para ser interrogada por integrar o "conselho de coordenação" formado pela oposição para organizar a transição política.
* AFP