A Human Rights Watch (HRW) pediu nesta sexta-feira (28) às autoridades jordanianas a liberação do cartunista de sátiras jordaniano Emad Hajjaj, preso por causa de um cartum considerado muito ofensivo para os Emirados Árabes Unidos.
O procurador-geral de Amã acusou Hajjaj na quinta-feira de "ter cometido atos e produzido escritos que poderiam alterar as relações com um país amigo", e ele teve que apresentar-se ao Tribunal de Segurança do Estado.
Esse tribunal militar, que julga casos de terrorismo, decidiu mantê-lo em prisão preventiva por 14 dias até a conclusão da investigação.
O cartunista pode ser condenado a até cinco anos de prisão.
"As autoridades jordanianas devem libertar Emad Hajjaj imediatamente e retirar as acusações abusivas contra ele", ressaltou a ONG em comunicado.
"Ver uma sátira em um cartum como um ato de terrorismo apenas confirma que a Jordânia está tentando silenciar os cidadãos que falam livremente", disse Joe Stork, vice-diretor do escritório regional da HRW.
Essa prisão é um reflexo de que "as autoridades jordanianas preferem violar os direitos dos seus próprios cidadãos em vez de ofender" os Emirados, acrescentou.
Considerado um dos cartunistas satíricos mais conhecidos da Jordânia, Hajjaj foi preso na noite de quarta-feira, poucas horas depois de publicar um cartum do príncipe herdeiro dos Emirados, Mohammed bin Zayed Al-Nahyan, em sua conta no Facebook e em sua página oficial.
Com o título "Israel pede à América (Estados Unidos) que não venda os F-35s aos Emirados Árabes Unidos", o desenho mostra Al-Nahyan com uma pomba na mão estampada com a bandeira israelense, que cospe em seu rosto. Com a saliva no rosto, lê-se: "F-35".
Após o acordo para normalizar as relações entre Israel e os Emirados, anunciado de forma inesperada em 13 de agosto, uma questão particularmente delicada para as autoridades israelenses é a possível venda dos aviões de combate F-35 dos EUA para Abu Dhabi.
* AFP