A vacina experimental contra covid-19 que está sendo desenvolvida pela empresa americana de biotecnologia Moderna induziu respostas de anticorpos contra o coronavírus em todos os 45 participantes de um teste em humanos, mostrou um artigo publicado nesta terça-feira (14).
A Moderna já havia publicado "resultados provisórios" de sua fase 1 na forma de um comunicado de imprensa em seu site em maio, que revelou que a vacina gerou respostas imunes em oito pacientes.
Embora estes resultados tenham sido classificados como "encorajadores" por Anthony Fauci, a principal autoridade em doenças infecciosas dos Estados Unidos, o estudo completo foi aguardado com expectativa pela comunidade científica.
Desde então, a empresa passou para a próxima etapa de seu ensaio. O novo artigo foi publicado no New England Journal of Medicine.
Os 45 participantes foram divididos em três grupos de 15 para testar doses de 25 microgramas, 100 microgramas e 250 microgramas. Eles receberam uma segunda dose 28 dias depois.
Após a primeira etapa, verificou-se que os níveis de anticorpos eram mais altos com doses mais altas e, após a segunda etapa, os participantes apresentaram níveis mais altos de anticorpos do que a maioria dos pacientes que tiveram covid-19 e geraram seus próprios anticorpos.
Mais da metade dos participantes tiveram efeitos colaterais leves ou moderados, sem atingir o nível em que o teste seria suspenso.
Os efeitos colaterais incluíram fadiga, calafrios, dor de cabeça, dor no corpo e dor no local da injeção.
Três participantes não receberam a segunda dose. Um no grupo de 25 microgramas por ter desenvolvido uma erupção cutânea nas duas pernas e dois (um no grupo de 25 microgramas e um em 250) por terem apresentado sintomas de covid-19, embora posteriormente seus testes para a doença tenham dado negativo.
Andrew Freedman, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Cardiff, que não participou do estudo, disse que o artigo sugere que a vacina "é capaz de estimular a produção de anticorpos de maneira dependente da dose".
— É importante ressaltar que os anticorpos gerados foram capazes de neutralizar o vírus —disse, acrescentando:
— Os efeitos colaterais experimentados por mais da metade dos participantes são bastante comuns após outras vacinas, embora os "eventos adversos mais graves" experimentados por três dos indivíduos que receberam a dose mais alta possam significar que a dose é muito alta para ser levada adiante.
A vacina da Moderna pertence a um novo tipo de vacina que utiliza material genético, na forma de RNA, para codificar as informações necessárias a fim de aumentar a proteína do vírus dentro do corpo humano, desencadeando uma resposta imune.
Essa proteína é uma parte do vírus usada na invasão celular, mas isoladamente é relativamente inofensiva.
A Moderna informou nesta terça-feira que entrará na fase final de seus testes em humanos para a vacina covid-19 em 27 de julho, sendo a primeira empresa a chegar nessa etapa.
O estudo recrutará 30 mil participantes nos EUA, com metade para receber a vacina em níveis de dose de 100 microgramas e a outra metade para receber um placebo.