O presidente kosovar, Hashim Thaçi, acusado de crimes de guerra pela justiça internacional, afirmou neste domingo (12) que a luta armada lançada pela rebelião em Kosovo contra os sérvios "foi limpa e justa".
"Nossa guerra foi limpa e justa", disse Thaçi à emissora albanesa Top Channel, antes de voar à tarde para Haia para uma audiência na segunda-feira. É "o preço da liberdade", acrescentou.
Thaçi, de 52 anos, foi acusado em 24 de junho pelos promotores do Tribunal Especial para o Kosovo de Haia de ter cometido crimes de guerra durante o conflito com a Sérvia (1998-99).
Ele foi o comandante político da guerrilha separatista albanesa-kosovar (UCK), que ativou a rebelião contra Belgrado há mais de 20 anos, quando o Kosovo era uma província da Sérvia.
A rebelião "pode ter cometido erros políticos", mas "não violou o direito internacional em nenhuma circunstância", insistiu Thaçi.
"Kosovo foi uma vítima. É certo que violamos as leis do sistema de Slobodan Milosevic", homem forte da Sérvia na época, "e me sinto muito orgulhoso disso como representante do povo e como indivíduo", afirmou.
Último conflito da antiga Iugoslávia, a guerra de Kosovo entre as forças sérvias e a guerrilha separatista albanesa de Kosovo, causou a morte de mais de 13.000 pessoas - albanesas, na maioria. Terminou quando uma campanha ocidental de bombardeios obrigou as forças sérvias a se retirarem.
Um juiz deve examinar estas denúncias contra o presidente kosovar para decidir se se confirmam e se apresentam acusações contra ele. Thaçi tem dito que se demitirá "imediatamente" se as acusações forem confirmadas formalmente.
O diálogo de normalização entre a Sérvia e sua antiga província meridional, que permaneceu estagnado por quase dois anos, está sendo retomado sob os auspícios da União Europeia.
Após uma reunião virtual neste domingo, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o primeiro-ministro kosovar, Avdullah Hoti, se reunirão quinta-feira em Bruxelas.
* AFP