A polícia de Hong Kong anunciou nesta quarta-feira (1º) as primeiras detenções sob a nova lei de segurança, apenas 24 horas após a promulgação do texto por Pequim, no dia em que o território recorda o 23º aniversário de sua devolução à China.
Na terça-feira (30), o presidente chinês, Xi Jinping, promulgou a nova lei de segurança na ex-colônia britânica, uma medida histórica denunciada por muitos governos ocidentais como uma agressão sem precedentes contra as liberdades e a autonomia da cidade.
Policiais do Batalhão de Choque usaram spray de pimenta e jatos de água para dispersar manifestantes no centro da metrópole financeira, onde 180 pessoas foram detidas, sete delas com base na nova lei.
As pessoas foram detidas "por participarem em assembleias não autorizadas, perturbação da ordem pública, posse de armas e outras ofensas relacionadas", anunciou a força de segurança em sua conta no Twitter. A primeira pessoa detida sob a acusação de violar a nova lei foi um homem que carregava uma bandeira a favor da independência de Hong Kong.
A oposição no território e vários países ocidentais criticaram a lei e temem que represente o início de uma nova era de repressão política.
O compromisso alcançado entre Reino Unido e China para a devolução de Hong Kong, em 1997, determinou que a região gozaria de liberdades civis, assim como de autonomia legislativa e judicial, até 2047, no que foi denominado "um país, dois sistemas".
— A China prometeu 50 anos de liberdade ao povo de Hong Kong, mas deu apenas 23 — declarou o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, ao mesmo tempo que ameaçou adotar novas represálias.
O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, afirmou nesta quarta-feira que a nova lei constitui uma "violação manifesta da autonomia" da ex-colônia. Também citou uma "ameaça direta" para as liberdades da população.
Pequim respondeu que a nova lei "não é assunto" dos demais países, enquanto a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, considerou o texto o "fato mais importante" do território desde a devolução à China.
Ativistas convocaram a população a desafiar a proibição de protestos com manifestações. As reuniões de mais de 50 pessoas estão proibidas como parte das medidas de combate ao novo coronavírus.
As autoridades proibiram pela primeira vez em 17 anos a tradicional passeata pelo aniversário da devolução do território.
Apesar da proibição, muitos manifestantes saíram às ruas e gritaram frases independentistas. A polícia afirmou que um agente foi esfaqueado no ombro quando tentava prender uma pessoa.