O governo chinês acusou o presidente Donald Trump de usar a China para "fugir de suas obrigações" para com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A declaração foi feita nesta terça-feira (19), depois que o presidente ameaçou congelar o financiamento para a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) por tempo indeterminado.
Trump disse ainda que vai retirar os Estados Unidos da OMS se a organização não demonstrar sua independência em relação a Pequim. O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, acusou Washington de querer "difamar a China" e "fugir de suas obrigações internacionais" para com a organização.
— A carta aberta do líder americano (...) está cheia de insinuações, de "provavelmente" e "talvez", e tenta usar métodos enganosos para enganar o público, e alcançar os objetivos de desacreditar os esforços antivírus da China e fugir à responsabilidade pela resposta insuficiente dos Estados Unidos. O país tenta usar a China como tema para fugir da responsabilidade e negociar suas obrigações internacionais com a OMS. É um erro de cálculo, e os Estados Unidos escolheram o alvo errado — disse Zhao.
Trump acusa a China, onde o vírus surgiu no final de dezembro, de ter omitido o alcance da pandemia de coronavírus. Além da devastação econômica, a crise deixou cerca de 317 mil mortos em todo mundo e infectou mais de 4,8 milhões. Os Estados Unidos somam 1,5 milhão de infectados e mais de 90 mil mortos.
Se a OMS "não se comprometer a fazer melhoras substanciais nos próximos 30 dias, tornarei meu congelamento temporário dos fundos dos Estados Unidos (...) permanente e vou reconsiderar nossa participação na organização. Está claro que os reiterados passos em falso seus e de sua organização para responder à pandemia têm sido extremamente custosos para o mundo. A única forma de avançar, para a Organização Mundial da Saúde, é se ela puder realmente demonstrar independência da China", escreveu Trump em uma carta endereçada ao diretor-geral da agência da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Horas antes, o presidente já havia acusado a OMS de ser "um fantoche da China".