Mil agentes adicionais da Guarda Nacional foram mobilizados neste sábado (30) para protestos violentos pela morte de um homem negro durante uma ação policial em Minneapolis, Estados Unidos. As acusações de assassinato em terceiro grau apresentadas contra o oficial na sexta-feira (29) não foram suficientes para acalmar a revolta dos manifestantes contra o racismo policial, de Nova York a Los Angeles, em uma das piores noites de distúrbios civis nos Estados Unidos em muitos anos.
Pela quarta noite consecutiva, foram registrados confrontos entre manifestantes e a polícia na cidade de Minneapolis, além de incêndios e saques. Na sexta-feira (29), 500 agentes da Guarda Nacional foram mobilizados na cidade e na localidade vizinha de St. Paul.
O comandante da Guarda Nacional de Minnesota, general Jon Jensen, afirmou em uma entrevista coletiva neste sábado que o governador de Minnesota autorizou a mobilização de mil agentes adicionais para ajudar a polícia a controlar a situação.
O Estado se tornou o epicentro da violência desde que George Floyd, 46 anos, morreu na cidade de Minneapolis depois que um policial o prendeu e imobilizou por vários minutos ajoelhado sobre seu pescoço.
O policial, Derek Chauvin, foi acusado na sexta-feira por assassinato em terceiro grau, por provocar uma morte de forma involuntária, e homicídio culposo. Em Atlanta, viaturas da polícia foram atacadas e incendiadas em protestos. Em Washington, aconteceram confrontos com agentes do Serviço Secreto durante protestos perto da Casa Branca.
O presidente Donald Trump disse que assistiu a "todos os movimentos" que os agentes tomaram. "Não poderia ter me sentido mais seguro", destacou.
Ele escreveu em um tuíte: "Eles deixaram os 'manifestantes' gritarem e reclamarem o quanto quisessem, mas sempre que alguém ficava muito brincalhão ou fora da linha, eles rapidamente avançavam, com força - não sabiam o que os havia atingido".
Os protestos aconteceram em várias cidades, como Boston, Dallas, Denver, Des Moines, Houston, Las Vegas, Memphis e Portland.
"Caos"
Na cidade de Minnesota um toque de recolher entrou em vigor na sexta-feira à noite. Mas os manifestantes, muitos com máscaras para evitar a propagação do coronavírus, permaneceram desafiantes nas ruas, enfrentando a polícia, que usou gás lacrimogêneo para tentar recuperar o controle. Os saques foram generalizados e afetaram diversas lojas.
Policiais foram baleados pelos manifestantes, afirmou neste sábado o governador de Minnesota, Tim Walz. "Não se trata da morte de George. Não se trata de iniquidades reais. Trata-se de caos", disse.
A opinião não foi compartilhada nas ruas. "Preciso que olhem nos meus olhos e sinta. Isto é dor, isto é dor", afirmou a manifestante Naeema Jakes.
Repercussão
A família de George Floyd, 46 anos, para a qual Donald Trump afirmou que ligou, considerou a detenção do policial um primeiro passo "no caminho da justiça, mas tardia e insuficiente".
— Queremos uma acusação por homicídio doloso com premeditação, e queremos ver os outros agentes (envolvidos) presos — afirma a família em um comunicado.
Chauvin é um dos quatro agentes demitidos da polícia após a divulgação do vídeo que mostra a prisão de Floyd na segunda-feira por supostamente tentar pagar uma loja com uma nota falsa de 20 dólares. O homem aparece algemado e deitado na rua com o pescoço pressionado pelo joelho do policial por pelo menos cinco minutos. A Promotoria afirmou que os outros três oficiais na operação também estão sob investigação e acusações devem ser apresentadas contra eles.
Os manifestantes se reuniram do lado de fora da casa de Chauvin, destruída na sexta-feira, com cartazes e gritando o nome de Floyd. Vários manifestantes repetiram "Não consigo respirar", as últimas palavras da família.