O coronavírus se propaga a ritmo exponencial no mundo, com quase um milhão de infectados. A Espanha já ultrapassou a marca dos 10 mil mortos. Na Bélgica, mais de mil pessoas também já morreram. Os Estados Unidos deverão registrar dias "terríveis", segundo o presidente Donald Trump.
Quase metade do planeta está confinada em tentativa dos governos de conter a propagação do vírus, que já deixou mais de 46 mil mortos no mundo (34.571 na Europa) e quase um milhão de infectados, mais da metade no Velho Continente. Com 950 pessoas mortas nas últimas 24 horas, novo recorde diário, a Espanha registra 10.003 vítimas fatais, contra 13.155 óbitos na Itália, o país mais afetado.
Em seguida aparecem Estados Unidos, com mais de 5 mil mortos, França (4.032) e China continental (3.312). A Bélgica superou nesta quinta-feira (2) a barreira de mil óbitos provocados pela doença.
Com mais de 300 mil novos desempregados em março na Espanha, a crise de saúde da covid-19 teve impacto extraordinário, de acordo com o ministério do Trabalho. A União Europeia propôs nesta quinta (2) um plano de 100 bilhões de euros para apoiar o emprego no momento de crise.
— O confinamento paralisou a demanda e a oferta. Muitas empresas ficaram sem receita. E, se não fizermos nada, terão que demitir seus trabalhadores (...) Isso limitará nossa recuperação — afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Para o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a rápida propagação da pandemia é alarmante.
— Nas últimas cinco semanas constatamos um crescimento quase exponencial no número de novos casos, que afeta praticamente todos os países — disse.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins
Dias "terríveis" nos EUA
Com mais de 216 mil infectados, o cenário deve piorar nos Estados Unidos nos próximos dias, de acordo com o presidente americano Donald Trump.
— Vamos ter duas semanas, que já estão começando, especialmente alguns dias a partir de agora, que serão terríveis. Mas inclusive nos momentos mais desafiadores, os norte-americanos não perdem a esperança. Não caímos no medo — declarou.
Entre as últimas mortes no país está a de um bebê de seis semanas que havia sido hospitalizado em Connecticut na semana passada.
"Os exames confirmaram durante a noite passada que o bebê apresentou resultado positivo para COVID-19", tuitou o governador do Estado, Ned Lamont, que reconheceu que era "comovente".
De acordo com as estatísticas, o coronavírus afeta majoritariamente pessoas mais velhas que têm outras patologias, mas recentemente foram anunciados muitos casos de jovens, o que demonstra que ninguém está a salvo. Entre os mortos mais jovens está uma adolescente de 16 anos na França, outra de 12 anos na Bélgica, e a do britânico Ismail Mohamed Abdullah, de 13.
As autoridades fecharam o Grand Canyon do Colorado para evitar concentrações de turistas. Nova York decretou o fechamento das quadras de basquete a céu aberto para tentar conter a rápida propagação na cidade, que está provocando o colapso dos hospitais. Mais de 75% dos norte-americanos estão confinados, incluindo milhares de presos, que na quarta-feira (1º) foram advertidos de que poderiam ser mantidos nas celas durante duas semanas.
Os números do coronavírus
A China diz a verdade?
Apesar do número de mortes avançar em todos os países europeus, há sinais de que a epidemia pode estar se aproximando do pico no continente europeu.
— Os dados demonstram que a curva se estabilizou e que atingimos o primeiro objetivo de chegar ao pico da curva. Estamos começando a fase de desaceleração da epidemia —explicou o ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, ao apresentar uma avaliação global dos dados desde a semana passada.
Ao mesmo tempo, a agência Bloomberg questionou na quarta (1º) se os Estados Unidos realmente seriam o país com mais infectados do mundo, ao citar fontes da inteligência norte-americana segundo as quais o número de contagiados na China é muito superior ao que admitido pelas autoridades. Oficialmente, a China registra 81 mil infectados e 3.300 mortos.
Alguns congressistas republicanos, que não escondem o ceticismo a respeito de Pequim, chamaram os números chineses de "propaganda de lixo".
— Sem comentar nenhuma informação confidencial, esta quantidade é penosamente óbvia: o Partido Comunista Chinês mentiu, está mentindo e continuará mentindo sobre o coronavírus para proteger o regime — disse o senador Ben Sasse.
A China, que considera o surto controlado, confinou um condado de 600 mil pessoas depois da visita de uma pessoa que apresentou resultado positivo para a doença. O confinamento da zona central de Henan não esconde o medo de uma segunda onda de infecções na China e destaca o risco de uma estratégia que impôs drásticas quarentenas para frear os contágios, segundo as autoridades.
A América Latina tem mais de 20 mil contágios e mais de 500 mortes. O Brasil é o país mais afetado região, com quase 7 mil casos e 245 mortos.
África do Sul
As consequências nos países mais pobres do mundo, onde o confinamento ameaça comunidades inteiras, também são críticas. Os moradores de áreas urbanas subdesenvolvidas da África do Sul afirmam que é simplesmente impossível ficar em casa.
— Não temos banheiros, não temos água, então temos que sair — afirma Irene Tsetse, 55 anos, que divide um barracão de apenas um quarto com o filho.