Depois de seis semanas trancadas em suas casas, as crianças espanholas começaram a sair neste domingo (26) para brincar ou passear nas ruas, num momento em que a Europa começa a flexibilizar o confinamento imposto pela pandemia de coronavírus.
Mas sair não significa voltar à vida de antes. Os mais novos devem estar acompanhados de um adulto, não podem brincar com os vizinho nem se distanciar mais de um quilômetro da casa, tudo isso por não mais de uma hora. E os parques ainda estão fechados.
Dessa forma, menores de 14 anos têm, a partir deste domingo (26), até uma hora de atividade ao ar livre supervisionada por dia, entre 9h e 21h, permanecendo a um quilômetro de suas casas. Os adultos poderão acompanhar até três crianças, que não poderão ir a playgrounds e devem seguir as orientações de distanciamento social, ficando a pelo menos dois metros de outras pessoas.
A Espanha, que nas últimas 24 horas registrou o menor saldo de mortes diárias desde 20 de março, com 288 novos óbitos, adotou em 14 de março um dos mais rígidos confinamentos do planeta.
Com um total de 23.190 mortes, é o terceiro país mais afetado no mundo pela pandemia iniciada na China no final de 2019, atrás dos Estados Unidos (mais de 53.000) e Itália (26.384), e seguida pela França (22.614) e Reino Unido (20.319).
Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson, que esteve hospitalizado devido ao vírus, retomará as atividades na segunda-feira (27). Os britânicos aguardam o anúncio de seus planos para relançar a economia e sair do confinamento.
Incertezas no caminho
O desconfinamento é um quebra-cabeça para as autoridades, à espera de uma vacina ou remédio que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), serão as únicas coisas que permitirão que a pandemia seja contida.
A Espanha estendeu a quarentena até 9 de maio. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, apresentará na terça-feira (28) um plano para amenizar as medidas a partir de meados de maio.
Mas, se as infecções continuarem a diminuir, a partir do dia 2, os adultos poderão caminhar ou se exercitar, como em outros países europeus.
Na França, Edouard Philippe divulgará no mesmo dia sua "estratégia de desconfinamento", que deve começar em 11 de maio, com a polêmica reabertura das escolas.
Por sua vez, a Argentina, que registrou 185 mortes pela epidemia, anunciou no sábado (25) um relaxamento da quarentena para cidades com menos de 500 mil habitantes e a possibilidade de saída por uma hora por dia para todas as pessoas.
E no Equador, o segundo país mais afetado da América Latina, atrás do Brasil, com 22.719 casos e 576 mortes, o presidente Lenin Moreno alertou no sábado (25) que a emergência de saúde "não acabou".
Na África do Sul, o país africano mais atingido com 75 mortes, será obrigatório o uso de máscara a partir de 1º de maio, data em que as restrições serão relaxadas.
Diante do desconfinamento, alguns países estão lançando campanhas de testes sorológicos, como a Itália, que em 4 de maio começará a testar 150 mil pessoas para tentar aprender mais sobre a pandemia.
No entanto, a OMS recordou que, "atualmente, não há evidências de que pessoas curadas da covid-19 e que possuam anticorpos sejam imunizadas contra uma segunda infecção". E alerta para a ameaça de uma segunda onda pandêmica.