Considerando o coronavírus "sob controle", a Alemanha dá os primeiros passos para o fim do isolamento social nesta segunda-feira (20), uma lenta e delicada operação em uma Europa confinada há semanas, fortemente atingida pela pandemia, mas que deseja relançar o quanto antes sua economia.
Até o momento, o continente europeu pagou o preço mais alto pela doença, respondendo por quase dois terços das 164 mil mortes em todo mundo. A Itália é o país mais afetado (23.660 mortes), seguido de Espanha (20.453), França (19.718) e Reino Unido (16.060), de acordo com um último balanço da epidemia estabelecido com base em fontes oficiais.
A Noruega, onde a epidemia parece sob controle, reabriu nesta segunda-feira (20) as creches e pré-escolas. Na Espanha, o número diário de mortes por coronavírus ficou abaixo de 400 pela primeira vez em quatro semanas.
Os Estados Unidos, com mais de 328 milhões de habitantes, chegaram a 40.661 mortes (1.997 nas últimas 24 horas), quase metade delas no Estado de Nova York, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins. Andrew Cuomo, governador do Estado, que também possui quase um terço das 740 mil infecções no país, anunciou pela primeira vez uma diminuição nas infecções.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a pandemia está longe de ser vencida, com "números ou aumentos constantes" na Europa Oriental e no Reino Unido. Na África, que oficialmente ultrapassou os mil óbitos, três quartos das mortes aconteceram em Argélia, Egito, Marrocos e África do Sul.
Veja essas e outras notícias do mundo nesta segunda-feira:
Alemanha reabre parte do comércio, fechado há mais de um mês
Com 135 mil casos identificados e cerca de 4 mil mortes, a pandemia está "sob controle e manejável" na Alemanha, julgaram as autoridades, que autorizaram a reabertura de lojas com área inferior a 800 metros quadrados.
Mercados, livrarias, oficinas mecânicas, lojas de roupas e outros poderão receber clientes. O federalismo faz a medida ser aplicada de maneira significativamente diferente nas 16 regiões estaduais do país, e muitos estabelecimentos comerciais ainda permanecerão fechados na capital Berlim.
Na cidade de Leipzig, Manuel Fischer, dono de uma boutique de moda, disse estar "incrivelmente feliz" por reabrir seu negócio, enquanto carrega seus manequins para o terraço sob o sol da primavera.
Já locais culturais, bares, restaurantes, playgrounds, ou áreas esportivas permanecerão fechados. Grandes aglomerações, como shows ou competições esportivas, continuam proibidas até pelo menos 31 de agosto. As escolas retomarão gradualmente suas atividades a partir de 4 de maio.
Continuam proibidos encontros com mais de duas pessoas, uma distância mínima de 1,5 metro deve ser observada em locais públicos, e o uso de máscara é "altamente recomendado".
A situação permanece "frágil", alertou a chanceler Angela Merkel. A líder alemã também não escondeu sua irritação com as "orgias de discussões" no país sobre um possível desconfinamento total e o crescente desrespeito, segundo ela, das regras de distanciamento social.
Essa estratégia para sair da crise, implementada pela Alemanha, o motor econômico do Velho Continente, é observada com atenção por uma Europa que vive confinada há quase um mês.
Noruega reabre creches
A Noruega começou a reabrir suas creches nesta segunda-feira (20). A reabertura, que acaba com cinco semanas de confinamento parcial para as crianças, foi justificada por questões de saúde - as crianças parecem que não são tão afetadas pela covid-19 - e deve facilitar o retorno ao trabalho dos pais.
Silje Skifjell deixou seus dois filhos, Isaak e Kasper, em uma creche ao norte de Oslo, com o mais velho "muito feliz por encontrar seus amigos".
Ao lado da Áustria e da Dinamarca, a Noruega é um dos primeiros países a flexibilizar as restrições adotadas em março.
Outros vizinhos retomam atividades
A vizinha Áustria permitiu na última terça-feira (14) a reabertura de pequenos comércios e de jardins públicos.
A Albânia autorizou a retomada da atividade econômica em cerca de 600 setores, incluindo agricultura, pecuária, produção de alimentos, mineração, indústria têxtil e pesca.
França, Itália e Espanha só em maio
França, Espanha e Itália, que registram um declínio no número de pacientes e de óbitos após semanas de alta, também estão se preparando para as primeiras medidas de desconfinamento.
— Teremos que aprender a conviver com o vírus — alertou o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, no domingo (19) à noite.
Criticado por ter demorado a generalizar os testes e a obrigar o uso de máscara, o Executivo francês está trabalhando em um desconfinamento muito progressivo a partir de 11 de maio.
Na Itália, as primeiras medidas não serão tomadas antes de 3 de maio, disseram as autoridades. Mas, pouco a pouco, as empresas reabrem, mesmo que de forma parcial e com muitas precauções.
Na Espanha, 399 mortes foram registradas nas últimas 24 horas, contra 410 no dia anterior, os números mais baixos em quatro semanas, anunciou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira (20).
O necrotério improvisado em uma pista de patinação em Madri, que simbolizava a hecatombe, será fechado na quarta-feira (22) e, a partir de 27 de abril, as crianças, estritamente confinadas desde meados de março, poderão sair para tomar um ar fresco.
Em contrapartida, no Reino Unido, a contenção introduzida em 23 de março foi estendida por pelo menos três semanas na quinta-feira (16). O governo ainda não planeja uma saída.
Japão em alerta
No Japão, que agora tem o maior número de casos na Ásia, depois da China e da Índia, os médicos soaram o alarme. Apesar do estabelecimento do estado de emergência, o número de casos registrados ultrapassou os 10 mil neste fim de semana.
Efeito colateral nas redes sociais, as mensagens quase diárias da governadora de Tóquio pedindo distanciamento inspiram mangá, música e até mesmo um videogame. O jogo adota a palavra "mitsu", que descreve lugares confinados.
Mortes nos EUA ultrapassam 40 mil
Nos Estados Unidos, onde uma queda de braço opõe o presidente Donald Trump, que defende uma rápida retomada da atividade econômica, a vários governadores democratas, o governador do Estado de Nova York, centro da epidemia, anunciou que a pandemia iniciou uma curva "descendente".
No domingo (19), porém, a marca de 40 mil mortos foi ultrapassada em todo país, de acordo com a contagem da universidade americana Johns Hopkins.
Ramadã isolado
Após a Páscoa cristã e judaica, o mundo muçulmano se prepara este ano para o Ramadã em um Oriente Médio com confinamento generalizado: da Arábia Saudita ao Marrocos, passando por Egito, Líbano e Síria.
— Nossos corações choram — lamenta o muezim da Grande Mesquita de Meca, a cidade sagrada do Islã.
Confrontos na África
Na África, onde a marca de mil mortos foi ultrapassada neste fim de semana, confrontos violentos ocorreram no domingo (19) à noite em vários distritos da capital do Níger, Niamey. Moradores contrários ao toque de recolher e à proibição de orações coletivas enfrentaram a polícia em protesto.
Com gritos de "a luta continua" e "não recuem", os manifestantes queimaram pneus e ergueram barricadas nas ruas.