BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - A retirada das restrições adotadas para combater o coronavírus na Espanha vai seguir quatro etapas sem datas pré-estabelecidas, anunciou nesta terça (28) o premiê espanhol, Pedro Sánchez.
"Teremos que aprender a nova normalidade. Se gostávamos de comer uma paella no restaurante ao lado de casa, agora teremos que buscá-la no restaurante e comer em casa", disse ele.
Sánchez afirmou que o país passará por uma recessão grave, mas "a conta não será paga pelos de sempre". O premiê, que é secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), disse que vai pleitear a criação de tributos sobre operações digitais e transferências financeiras e pretende implantar uma renda mínima para os mais pobres.
No país como um todo a primeira etapa começa em 4 de maio, e cada fase durará pelo menos duas semanas.
Mas cada província só passará para a fase seguinte se atingir indicadores em relação aos sistemas de saúde, ao contágio de coronavírus e à situação da economia.
Segundo o premiê, uma região poderá até retroceder à fase anterior, caso seus números piorarem. "Não podemos pôr a perder o que conquistamos com o sacrifício dos profissionais de saúde, dos idosos e das crianças. Vamos recuperar a atividade palmo a palmo, se mantivermos a disciplina."
Durante o desconfinamento, não poderá haver viagens entre as províncias. Segundo o primeiro-ministro, a retirada das restrições deve estar terminada em todo o país em de seis a oito semanas.
As escolas retomarão as aulas apenas em setembro, o uso de máscaras será "fortemente recomendado" nas ruas e no transporte público e idosos devem evitar sair de casa durante toda a transição.
Na fase 0, que Sánchez chamou de "preparação para a desescalada", restaurantes poderão vender refeições para viagem e será permitido treinamento esportivo individual e treino básico de ligas profissionais.
Na fase 1, cuja data dependerá do desempenho de cada província, lojas menores poderão abrir, com exceção das que estão em shoppings ou centros comerciais que atraiam aglomerações.
Áreas externas de restaurantes e bares poderão funcionar, com ocupação de 30%, e hotéis também reabrirão, com exceção de áreas comuns.
Cultos religiosos poderão ser realizados com no máximo 10% de ocupação, e esportes de alto rendimento poderão voltar a ser praticados.
Ilhas como as Canárias e as Baleares, que ficaram mais protegidas da pandemia, poderão entrar direto nessa fase no dia 4 de maio.
Na fase seguinte, 2 ou intermediária, restaurantes poderão ocupar 30% das mesas também no espaço interno.
Escolas poderão dar aulas de reforço ou receber crianças menores de seis anos cujos pais precisem trabalhar fora de casa.
O governo permitirá a reabertura de cinemas, teatros e auditórios, com apenas um décimo da capacidade, museus poderão receber 30% e estarão liberados espetáculos para no máximo 50 pessoas em espaços fechados e 400 ao ar livre, desde que as pessoas fiquem sentadas. A ocupação de igrejas será ampliada para 50%.
Na última fase, lojas e restaurantes poderão aumentar a ocupação, mantendo distanciamento e medidas de proteção.
Um dos países mais afetados pela pandemia de coronavírus, a Espanha entrou em uma fase de redução no número de mortes diárias. Nas últimas 24 horas, 301 pessoas morreram por causa do coronavírus, segunda contagem mais baixa em cinco semanas.
Com 51 mortes por 100 mil habitantes, o país tem o segundo maior número do mundo entre nações com mais de 1 milhão de habitantes, atrás da Bélgica, que registra 63/100 mil. Mas o número oficial espanhol inclui apenas casos comprovados, enquanto o belga contabiliza casos prováveis.