O número de novos casos do novo coronavírus registra queda na China, mas aumenta no resto do mundo que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), está em "território desconhecido", com um elevado risco de contágio na União Europeia (UE) e Estados Unidos.
A epidemia parece perder força há vários dias na China, onde as medidas draconianas de quarentena afetam mais de 50 milhões de pessoas desde o fim de janeiro.
Mas a província de Zhejiang (leste) anunciou que sete chineses que retornaram da Itália são portadores do vírus, o que disparou os alarmes ao confirmar o temor de que agora a epidemia pode ser 'importada'.
"Estamos em território desconhecido", declarou na segunda-feira à noite Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS.
"Nunca antes observamos um patógeno respiratório capaz de transmissão comunitária, mas que também pode ser contido com medidas corretas", completou.
A "transmissão comunitária" designa a multiplicação de focos de vírus sem um vínculo epidemiológico claro com o berço da doença, neste caso a província chinesa de Hubei.
Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou que nas 24 horas precedentes o número de contaminações na China foi nove vezes inferior às registradas no restante do mundo.
Na China, as autoridades identificaram nesta terça-feira 125 novos casos de contágio. Este é o menor número diários desde 21 de janeiro, inclusive antes da determinação da quarentena da cidade de Wuhan (centro), foco da epidemia.
De acordo com as autoridades chinesas, a doença COVID-19 provocou mais 31 mortes, todas na província de Hubei, cuja capital é Wuhan. O número de vítimas fatais no país desde o início da epidemia chegou a 2.943.
A epidemia superou na segunda-feira a marca de 3.000 mortes em todo o planeta e está em ritmo acelerado fora da China.
Na Coreia do Sul, o segundo país mais afetado depois da China, o número de infecções se aproxima de 5.000, com 477 novos casos nas últimas 24 horas e mais duas mortes, o que eleva o total a 28.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, declarou "guerra" ao coronavírus e colocou as agências governamentais em alerta permanente.
Moon anunciou que o governo injetará 25 bilhões de dólares para ajudar a economia a enfrentar a situação grave.
"Todo o país entrou em guerra contra a doença infecciosa", disse o presidente, que ordenou uma ação durante noite e dia de algumas agências governamentais.
A Arábia Saudita, único país do Golfo que não havia registrado casos em seu território, informou na segunda-feira o primeiro contágio por coronavírus: uma pessoa que retornou do Irã, o país com o maior número de mortes relacionadas com a doença depois da China (66 vítimas fatais).
A UE elevou sua avaliação de risco para a categoria "moderado a alto", com 2.100 casos confirmados em 18 países membros.
Os ministros da Saúde da UE celebrarão uma reunião extraordinária na sexta-feira em Bruxelas.
A Itália, país mais afetado da Europa, superou a marca de 50 mortes na segunda-feira. A nação está dividida em três áreas. A "zona vermelha", em quarentena, inclui 11 municípios do norte e mais de 50.000 habitantes.
- Uma vacina? -
A França, onde eventos foram cancelados e o Museu do Louvre permanece fechado, anunciou a terceira vítima fatal da doença.
Os Estados Unidos registraram mais quatro mortes na segunda-feira, o que eleva a seis o total. O país tem mais de 90 pacientes confirmados, metade deles repatriados do exterior.
Vários pacientes diagnosticados nos últimos dias não tinham vínculos conhecidos com algum foco da epidemia, o que sugere que a doença está começando a propagação em território americano.
A nota otimista veio do vice-presidente Mike Pence, que anunciou que um tratamento poderia estar disponível "no verão ou início do outono" (inverno e primavera no Brasil). Os primeiros testes clínicos para uma vacina podem acontecer dentro das próximas seis semanas, disse.
- Ameaça para a economia -
Os bancos centrais e os ministros das Finanças do G7 têm uma reunião por telefone programada para esta terça-feira para coordenar a resposta ao novo coronavírus.
O crescimento mundial, já abalado pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, sofre com a desaceleração da economia chinesa e o impacto do coronavírus.
A Bolsa de Nova York registrou na semana passada os piores resultados desde a crise financeira de 2008. Mas na segunda-feira, Wall Street teve uma grande recuperação, com a expectativa de que as autoridades monetárias dos grandes países apresentarão uma resposta coordenada para suavizar o impacto econômico do novo coronavírus.
Ao mesmo tempo, o Banco Central australiano reduziu as taxas de juros a um nível historicamente baixa para combater os efeitos econômicos da epidemia.
A Nike anunciou na segunda-feira o fechamento até quarta-feira da sede europeia, nas proximidades Amsterdã, depois que um caso de COVID-19 foi detectado em um funcionário.
* AFP