O líder opositor Juan Guaidó voltou à Venezuela na terça-feira (11) após um giro internacional que durou 23 dias. Ele foi recebido no aeroporto internacional de Maiquetía, que serve à capital, Caracas, em meio a golpes, empurrões e insultos de apoiadores e partidários do presidente Nicolás Maduro.
Ao se confirmar a chegada do opositor, o local virou um formigueiro, com uma imensa multidão formada por seguidores de Maduro. Guaidó viajou de Portugal à Venezuela em um voo da companhia aérea TAP, segundo informações da assessoria de imprensa.
— Viemos trabalhar. Os mecanismos de pressão vão apenas aumentar. Por mais polêmicos que sejam, continuarão aumentando — disse o presidente do parlamento em um comício em uma praça de Caracas, diante de 500 pessoas.
Na última sexta-feira (7), Washington ampliou a bateria de sanções ao incluir a companhia aérea estatal Conviasa em sua lista negra.
"Trago o compromisso do mundo livre, disposto a nos ajudar a recuperar a democracia e a liberdade. Começa um novo momento que não admitirá retrocessos e que precisa que todos façam o que precisam fazer", escreveu Guaidó em sua conta no Twitter.
Não foram registradas ações das autoridades contra o líder opositor, mas a assessoria de imprensa de Guaidó informou à noite que um parente que viajou com ele, um tio, chamado Juan Márquez, "está desaparecido" após ser "retido" por funcionários do aeroporto.
Com uma camisa branca e um crucifixo de madeira no peito, o opositor chegou ao aeroporto escoltado, enquanto a multidão tentava se aproximar. Jornalistas acabaram sendo agredidos.
A última parada conhecida de Guaidó havia sido nos Estados Unidos, onde foi recebido pelo presidente Donald Trump, que prometeu "esmagar" a tirania do governo de Nicolás Maduro.
Guaidó, de 36 anos, havia deixado o país clandestinamente no último 19 de janeiro, já que está proibido de sair da Venezuela por diversos motivos judiciais. Na terça-feira (11), ao chegar no país, ele publicou uma foto em frente a um funcionário da imigração.
Há mais de um ano Guaidó se autoproclamou presidente interino, depois que Maduro assumiu um segundo mandato questionado após irregularidades nas eleições de 2018. O sucessor de Hugo Chávez permanece no poder, apesar das sanções dos Estados Unidos, incluindo um embargo de fato ao petróleo bruto da Venezuela que é crucial para sua economia, em forte recessão desde 2013. Maduro conta com o apoio da China e Rússia.
Em uma referência superficial a Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por 50 países, Maduro pediu ao chavismo que se concentre na "defesa da Venezuela".