O líder opositor venezuelano Juan Guaidó se apresentou nesta quinta-feira (23) no palco principal do Fórum Econômico de Davos, na Suíça, como presidente interino da Venezuela e pediu pela reintegração de seu país ao mundo.
— Hoje, depois de 28 anos, um presidente venezuelano voltou a este espaço — declarou Guaidó a uma plateia de poucas centenas de pessoas.
Indagado depois pela reportagem sobre sua relação com o governo do brasileiro Jair Bolsonaro, afirmou que mantém contatos frequentes e que tem "recebido ótimo apoio".
— Temos contatos muito bons com o governo do presidente Jair Bolsonaro, que nos apóia nessa luta pela democracia — afirmou. — O Brasil tem nos dado grande apoio diplomático — completou.
Em seu discurso de 20 minutos, seguidos depois por uma sessão de perguntas com a diretora do Fórum para América Latina, Marisol Argueta, Guaidó descreveu um país em guerra do qual fugiram 5,5 milhões de pessoas e uma ditadura que abriga criminosos e terroristas. Citou nominalmente o grupo radical libanês Hizbullah e a guerrilha colombiana Farc, ambos convertidos em forças políticas em seus países.
— Estou aqui para que não deixem a Venezuela de fora. É um país que tem problemas, mas tem muito potencial. É um país que tem muito a contribuir.
O Fórum convidou Guaidó — que está proibido de deixar a Venezuela por Nicolás Maduro — na véspera do evento, dia 19, quando ele chegou a Bogotá para se reunir com o presidente colombiano, Iván Duque, e com o secretário de Estados americano, Mike Pompeo. Além do discurso em plenário, ele participou de um evento fechado mediado pelo Wall Street Journal acompanhado por empresários, jornalistas e acadêmicos.
Reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela, Guaidó foi Indagado sobre a razão de não ter conseguido assumir de fato o poder um ano após ter se anunciado presidente interino. Após titubear, respondeu apenas que a situação havia se deteriorado e que Maduro tinha se aferrado ainda mais ao poder, colocando-o como figura proscrita e censurando menções a seu nome na imprensa do país.
Pediu, em seguida, pressão internacional para que eleições livres se realizem no país, lembrou que a produção petroleira que há duas décadas abastece a economia encolheu quase 70% e propôs que, uma vez no poder, promoveria uma abertura econômica para investidores estrangeiros como forma de restaurar uma economia em frangalhos.
Depois que Guaidó deixou Caracas, agentes da Sebin — o serviço de segurança venezuelano — teriam invadido seu gabinete e levado preso um de seus aliados, o deputado Ismael León. Guaidó afirmou em Davos que seu retorno a Caracas será "complicado", mas pediu que o momento seja usado como oportunidade para pressionar o governo. Mas não detalhou nenhum plano, e se limitou a descrever de forma genérica como saiu na surdina do país.