O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, foi impedido de entrar na Assembleia Nacional nesta terça-feira (7) por soldados da Guarda Nacional, em um episódio tenso que durou meia hora. Depois disso, sua entrada, junto com um grupo de aliados, foi permitida.
Desde o último domingo (5), o país vive um impasse na escolha do novo comando da Assembleia, com o regime de Nicolás Maduro e a oposição realizando eleições separadas que terminaram por apontar duas pessoas diferentes para comandar a Casa em 2020.
Primeiro, Maduro anunciou que o deputado Luis Parra era o novo líder da Assembleia, após uma votação realizada com a sede do Legislativo cercado pela polícia e que membros da oposição chamaram de um "golpe parlamentar" do regime. Horas depois, a oposição fez uma sessão alternativa com a presença de cem deputados e reelegeu Guaidó como presidente da Casa.
Nesta terça, quando tentava entrar no parlamento com a intenção de presidir a sessão, guardas bloquearam sua entrada. Imagens das TVs locais mostraram Parra e seus aliados sentados nos postos de liderança da Casa, enquanto alguns parlamentares aliados de Guaidó gritavam que havia ocorrido um golpe.
Do lado de fora, Guaidó e seus aliados discutiram por vários minutos com os seguranças. "Isso não é um quartel!", gritaram.
No momento, ninguém sabe quem de fato comanda o Legislativo local, que teve seus poderes bastante reduzidos pelo regime — a maioria de suas decisões acabam anuladas. Também não está claro se a sessão oficial, que elegeu Parra, tinha o quórum necessário para acontecer.
A Assembleia Nacional tem 167 deputados, dos quais 112 são de oposição e 55 pertencem ao chavismo. Para que a eleição do novo presidente fosse realizada, era necessária a presença de mais da metade deles — ou seja, ao menos 84.
Parra afirma que 140 legisladores estavam presentes na hora da votação, mas a oposição diz que eram muito menos, por volta de 60. Além disso, segundo a agência de notícias Reuters, os deputados votaram apenas levantando as mãos, sem computar os votos, em desrespeito às regras da Casa.
Se prevalecer o resultado oficial, Parra passará a ser o novo líder da Assembleia Nacional até as eleições legislativas de dezembro. Caso isso se confirme, Guaidó perderia seu posto como líder da Assembleia e, consequentemente, como presidente interino da Venezuela, cargo no qual é reconhecido por mais de 50 países.
Mas a oposição não reconheceu a eleição de Parra e considera que Guaidó segue tanto no comando da Assembleia quanto como presidente interino.