A mobilização contra a reforma previdenciária na França entrou em sua terceira semana nesta quinta-feira (19). As negociações entre o governo e os sindicatos continuam estagnadas, distante da perspectiva de uma "trégua" para o Natal.
Esta quinta marca 15 dias de greve nos transportes e, embora tenha havido uma ligeira melhora, as paralisações ainda são um desafio para os franceses, especialmente na Capital. Das oito linhas do metrô parisiense que estavam fechadas, duas voltaram a funcionar normalmente. Os trens suburbanos circulam, mas apenas nas horas mais movimentadas. Além disso, apenas dois dos cinco trens de alta velocidade — que conectam Paris a grandes cidades como Bordeaux, Marselha ou Lyon — estão em operação.
Menos de 48 horas após o início das férias escolares de Natal, muitos franceses esperavam para saber se eles terão trens para sair de férias ou passar as férias de Ano Novo em família. A empresa ferroviária nacional SNCF anunciou nesta quinta aos usuários que anulou 59% dos trens programados para 23 e 24 de dezembro.
O gatilho para a crise social é uma reforma do sistema previdenciário, que planeja mesclar os 42 esquemas de aposentadoria existentes em um único sistema e passar a idade de aposentadoria de 62 a 64 anos em dois anos para receber uma pensão integral. Para o executivo, é uma reforma "necessária" para garantir um equilíbrio financeiro do sistema de pensões, mas os sindicatos da França denunciam uma "regressão social".
Negociações
Após uma primeira rodada de negociações entre o governo e os sindicatos na quarta-feira (18), sem grandes resultados, o primeiro-ministro Edouard Philippe os receberá novamente nesta quinta. "Entre Philippe e os sindicatos, o diálogo dos surdos continua", intitulou o jornal Le Figaro.
— Entendemos que a determinação dele está intacta, mas a nossa também — disse o secretário-geral da Força de Trabalho, Yves Veyrier, na noite de quarta-feira, depois de deixar a reunião com Philippe.
— Estamos muito, muito longe de um acordo — disse Laurent Berger, número um do sindicato Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), que apoia a ideia de um plano de pensão universal, mas se recusa a adiar a idade da aposentadoria para usufruir de uma pensão completa.
O presidente Emmanuel Macron, que deixou seu primeiro-ministro encarregado das negociações, disse quarta-feira que ele poderá fazer algumas concessões, mas que não retirará seu texto.