A chanceler do governo interino da Bolívia, Karen Longaric, disse que a nova eleição presidencial do país deve ocorrer entre março e abril e que será "a eleição mais livre que já houve na Bolívia". O anúncio ocorreu na quinta-feira (5), ao final da Cúpula do Mercosul, em Bento Gonçalves, na Serra.
No início da plenária dos presidentes, a chanceler recebeu uma reprimenda da vice uruguaia, Lucía Topolansky, que havia dito que o "rompimento da ordem democrática" na Bolívia não estava de acordo com as premissas do Mercosul de respeitar o Estado de direito.
Lucía manifestou a intenção de acionar a cláusula da Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso poderia fazer com que a Bolívia, hoje estado associado do Mercosul, ficasse suspensa do bloco.
— O Uruguai teve uma atitude inicial de censura à mudança política que houve na Bolívia, mas eu creio que na plenária tive a oportunidade de explicar a todos como sucederam as coisas e que estamos atuando de acordo com a lei — afirmou Karen.
As eleições de 20 de outubro foram marcadas por idas e vindas e acusação de fraude — e um relatório divulgado na quarta-feira (4) pela Organização dos Estados Americanos (OEA) concluiu que houve "ações deliberadas para manipular os resultados", incluindo alteração e queima de atas de votação e falsificação de assinaturas.
A convocação de um novo pleito está sendo prometida desde que a senadora Jeanine Añez se autoproclamou presidente interina, em 12 de novembro, ocupando o vácuo de poder deixado após a renúncia de Evo Morales, de seu vice e dos presidentes do Senado e da Câmara.
Segundo Karen, os membros do Movimento para o Socialismo, partido de Evo, estão colaborando com a transição e querem participar do processo eleitoral, "desta vez com uma diretoria renovada, diferente daquela que causou tantos danos às nossas instituições". A chanceler disse que o que ocorreu em seu país está "longe de ser um golpe, porque se seguiram os passos da Constituição".
Karen também disse que o Brasil é um dos países que mais têm apoiado o governo interino de Jeanine Añez, e que também têm sido importante o suporte da União Europeia, dos EUA e da própria OEA.