A explosão de um carro-bomba deixou, neste sábado (28), 90 mortos e dezenas de feridos em um bairro movimentado de Mogadíscio, em um dos ataques mais sangrentos ocorridos na capital da Somália, palco habitual de atentados terroristas islâmicos. O número de vítimas foi atualizado há pouco pela agência Reuters. O ataque ocorreu em uma área de tráfego intenso, perto de um posto de controle das autoridades e de um escritório da alfândega.
O local ficou coberto de detritos e de veículos calcinados (queimados).
— O número de mortes que conseguimos confirmar até agora é 76. Também há 70 feridos. Mas o balanço pode piorar — afirmou Abdukadir Abdirahman, diretor de um serviço particular de ambulâncias.
Um policial, Ibrahim Mohamed, chamou a explosão de "devastadora".
O prefeito de Mogadíscio, Omar Mohamud Mohamed, disse em entrevista coletiva que o número exato de mortes ainda é desconhecido, mas que o ataque teria deixado cerca de 90 feridos:
— Mais tarde, confirmaremos o número exato de mortes, mas será importante. A maioria dos mortos são estudantes inocentes e outros civis.
Segundo Mohamed dois cidadãos turcos, aparentemente engenheiros civis envolvidos na construção de estradas, estão entre os mortos:
— Corpos irreconhecíveis.
Muhibo Ahmed, testemunha do atentado, afirmou que "havia muitas pessoas, também estudantes que estavam em um ônibus e que passavam pela área quando a explosão ocorreu".
— Tudo o que pude ver foram corpos (...) dispersos e alguns calcinados, irreconhecíveis — disse outra testemunha, Sakariye Abdukadir.
O ataque, que não foi reivindicado até o momento, ocorre em um contexto de intensa atividade do grupo islâmico Al-Shabab, afiliado à Al-Qaeda. Os insurgentes prometeram derrubar o governo da Somália, que tem o apoio da comunidade internacional e de 20 mil membros da força da União Africana na Somália (Amisom). O Al-Shabab emergiu da União dos Tribunais Islâmicos, que controlava o centro e o sul da Somália, e estima-se que atualmente tenha entre 5 mil e 9 mil membros.
O grupo radical islâmico foi expulso de Mogadíscio em 2011. Depois disso, perdeu a maioria de seus redutos. No entanto, continua poderoso em algumas partes do país, onde realiza operações de guerrilha e atentados suicidas, inclusive na capital. Seus alvos costumam ser governamentais, forças de segurança e civis. Duas semanas atrás, cinco pessoas morreram em um ataque do Al-Shabab em um hotel de Mogadíscio, muito frequentado por políticos, militares e diplomatas.
Desde 2015, 13 ataques foram realizados na Somália. O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295.