Hong Kong registra um cenário de caos nesta segunda-feira (11) após a divulgação de um vídeo que mostra um policial atirando à queima-roupa contra um manifestante. Os protestos paralisaram o trânsito em vários distritos, estações de metrô foram atacadas e barricadas foram instaladas em alguns cruzamentos.
A polícia afirma que precisa usar a força em consequência da ação de segmentos radicais dos manifestantes, que já utilizaram bombas incendiárias e atacaram empresas acusadas de ajudar o governo local.
É justamente a força policial o motivo dos protestos desta segunda-feira. As imagens, viralizadas nas redes sociais, mostram um policial tentando controlar fisicamente uma pessoa com uma jaqueta branca no bairro de Sai Wan Ho. Outro homem, encapuzado, se aproxima e o policial atira. O manifestante cai imediatamente e leva as mãos ao lado esquerdo do corpo. O estado de saúde da vítima é desconhecido.
Segundos mais tarde, o mesmo agente atira outras duas vezes e as imagens mostram um segundo homem de máscara caindo no chão. Pouco depois, as imagens mostram o momento em que policiais prendem os dois homens no chão. O primeiro tinha uma mancha de sangue nas costas enquanto os agentes, aparentemente, tentavam algemá-lo. O segundo homem, deitado no chão, estava consciente e conversava com os agentes.
Uma fonte policial disse à AFP, sob anonimato, que munição real foi usada contra pelo menos um manifestante no distrito de Sai Wan Ho. Fontes médicas afirmaram que três pessoas foram hospitalizadas, incluindo uma atingida por um tiro.
A tensão aumentou ainda mais depois da morte de um homem de 22 anos, Alex Chow, que caiu de um estacionamento de vários andares durante os confrontos na área de Tseung Kwan O. As circunstâncias da morte de Chow permanecem indeterminadas, mas ele foi o primeiro estudante a falecer desde o início das manifestações na ex-colônia britânica.
Protestos violentos
Há cinco meses, manifestantes realizam protestos quase diários e cada vez mais violentos em Hong Kong, contra a crescente interferência de Pequim nos assuntos do território semiautônomo, e exigem reformas democráticas. O estopim para os protestos ocorreu em julho, devido a uma legislação que permitiria que suspeitos fossem enviados à China continental para ser julgados.
O governo de Hong Kong anunciou o arquivamento formal do projeto de lei de extradição no início de setembro, mas os protestos continuam. Concentrações não autorizadas ocorreram em vários pontos da ex-colônia britânica, e resultaram em confrontos com o batalhão de choque.