Os moradores de Hong Kong votaram, neste domingo (24), em número recorde nas eleições locais, onde o movimento pró-democracia procura aumentar a pressão sobre o governo pró-Pequim, abalado por protestos sem precedentes desde junho.
Às 15h30min (4h30min de Brasília), faltando sete horas para o encerramento da votação, 47,26% dos inscritos já haviam votado, o que excede a participação total de 47,01% das eleições anteriores de 2015.
Por toda a cidade, longas filas se formaram em frente às assembleias de voto.
Normalmente, essas eleições para eleger 452 conselheiros em 18 distritos, que lidam com questões como coleta de lixo e planejamento urbano, não despertam muito entusiasmo.
Mas esse território vive uma situação excepcional há cinco meses e atravessa a pior crise política desde a sua retrocessão para a China em 1997, com manifestações quase diárias e ações cada vez mais violentas para exigir reformas democráticas.
— Embora meu voto não seja grande coisa, espero que permita mudanças na sociedade e ajude a apoiar as manifestações — ressaltou Michael Ng, estudante de 19 anos que votou pela primeira vez em sua vida.
No total, 4,13 milhões de pessoas de Hong Kong se registraram para votar - de uma população de 7,3 milhões de pessoas - ou seja, 400.000 a mais do que quatro anos atrás.
Essa votação é a mais próxima de uma eleição direta que existe em Hong Kong.
Alguns cientistas políticos acreditam que uma alta participação pode favorecer a causa pró-democracia, que tem feito desta consulta uma espécie de referendo contra a chefe do Executivo local, Carrie Lam, e seu governo pró-Pequim, que rejeitam qualquer concessão aos manifestantes.
— Estamos votando para dar nossa opinião sobre o que acontece. Também estamos votando para escolher o que está por vir — disse Jimmy Sham, candidato pró-democracia e uma figura de destaque no movimento de protesto.
Nas últimas semanas, o governo disse que essas eleições seriam adiadas se a violência persistisse nas ruas.
De fato, as manifestações reduziram nos últimos dias, uma estratégia com vista às eleições.
Trata-se, no entanto, de uma trégua relativa, à medida que o cerco da Universidade Politécnica (PolyU) continua, com manifestantes radicais entrincheirados, e que no fim de semana passado foi palco dos confrontos mais violentos com as forças de segurança desde o início dos protestos em junho.
Na manhã deste domingo, policiais foram destacados perto de algumas assembleias de voto, mas não em número excessivo. Durante as primeiras horas da votação, nenhum ato violento foi registrado.