As manifestações pró-democracia, praticamente diárias em Hong Kong nos últimos seis meses, parecem ter dado uma trégua neste sábado (23), um dia antes da realização de eleições locais, consideradas por muitos uma espécie de plebiscito.
Ainda que tenham ocorrido protestos pacíficos, não foram registrados enfrentamentos com a polícia na véspera do pleito na ex-colônia britânica, um respiro para a crise devido aos atos contra o domínio chinês em um território que possui liberdades desconhecidas na parte continental do país.
Por medo de que as autoridades adiem as eleições por causa da violência, ativistas advertiram aos que votarão pela primeira vez que não percam a oportunidade de se expressar no pleito. Os fóruns das manifestações também pediram que comícios acontecessem sem perturbações.
Até então, esse eventos não despertavam muito entusiasmo na população local, porque são dominados por candidatos alinhados a Pequim e se centravam em temas como urbanismo ou coleta de lixo.
O contexto explosivo dos protestos, porém, fez com que candidatos de partidos pró-democracia aproveitassem a oportunidade para enviar uma mensagem à chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, e ao governo, afinado com a China, que vem negando concessões às demandas dos manifestantes.
O pleito deste domingo vai eleger, entre 1.104 candidatos, 452 conselheiros em 18 distritos, e é o que há de mais próximo a uma eleição direta em Hong Kong. Diferentemente da escolha para esses distritos, a votação para a Assembleia e para o Executivo locais é muito mais indireta e influenciada por comitês pró-Pequim.
Até agora, 4,1 milhões de honcongueses se inscreveram para participar da votação, um número recorde, quase 400 mil a mais que em 2015. Os centros eleitorais abrirão pela manhã (noite de sábado no Brasil) neste território autônomo de 7,5 milhões de pessoas.
Pela primeira vez, a tropa de choque da polícia local vigiará todas as seções eleitorais do território e quase todos os oficiais da força de 31 mil soldados estarão em serviço, informou o South China Morning Post na sexta-feira (22), citando uma fonte policial sênior.
Essa mesma pessoa disse ao jornal que os policiais procurarão minimizar suas presenças para evitar que os eleitores se sintam intimidados.