A chefe do Executivo Carrie Lam reconheceu nesta terça-feira (26) que a derrota dos candidatos pró-Pequim nas eleições locais em Hong Kong reflete o "descontentamento" da população. A líder se comprometeu a "melhorar a governança" do Executivo, mas evitou concessões.
As eleições de domingo (24) mostraram a preocupação com "as deficiências do governo, especialmente o descontentamento com o tempo necessário para lidar com a atual instabilidade e, logicamente, para acabar com a violência", disse Lam em sua coletiva semanal.
Em Pequim, a imprensa ignorou a vitória da oposição pró-democracia e optou por depreciar as condições em que aconteceram as eleições. Os candidatos pró-democracia conquistaram 388 dos 452 cadeiras do conselho de distrito nas eleições locais, um forte revés para Lam e para as autoridades chinesas.
Os manifestantes responsabilizam Lam pela crise política sem precedentes na ex-colônia britânica desde sua devolução para a China, em 1997. A radicalização dos manifestantes e o aumento da violência de suas iniciativas não impediram uma punição das urnas a Lam, que acreditava que uma "maioria silenciosa" aprovava sua gestão.
Depois do anúncio dos resultados, os manifestantes exigiram que Lam atenda suas cinco demandas, incluindo a instauração do sufrágio universal e uma investigação sobre supostos atos violentos por parte da polícia. Lam preferiu evitar as demandas, denunciou a violência dos manifestantes e reiterou a oferta de diálogo entre todas as partes. Uma proposta rejeitada pelos opositores, que a consideram insuficiente.
— O que precisamos agora é de um diálogo comunitário (aberto) e convidar líderes sociais que nos ajudem a analisar as causas dos distúrbios e dos problemas sociais profundamente enraizados em Hong Kong. E a encontrar soluções — disse Lam.
O apoio da população ao movimento pró-democracia aparentemente acalmou Lam e o governo chinês, que insistiam que apenas uma faixa violenta e radical da população participava nas manifestações.
Os protestos começaram em junho contra um projeto de lei que autorizaria a extradição para a China continental de cidadãos de Hong Kong. O texto foi abandonado em setembro, mas as reivindicações aumentaram.