O presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou neste sábado (26) que pediu para seus ministros colocarem os cargos à disposição, a fim de reformular o gabinete e enfrentar as novas demandas surgidas na pior crise social que o país vive desde o retorno à democracia, em 1990.
Após a marcha histórica da sexta-feira (25), que, apenas em Santiago, reuniu pelo menos 1 milhão de pessoas de diversas orientações políticas e classes sociais, Piñera garantiu ter entendido a mensagem enviada pela população.
— Estamos em uma nova realidade, o Chile é diferente do que tínhamos há uma semana — explicou o mandatário.
— Pedi para todos os ministros colocarem seus cargos à disposição para poder estruturar um novo gabinete para poder enfrentar essas novas demandas — disse Piñera em uma mensagem à nação do palácio de La Moneda.
Um dos ministros mais questionados pela opinião pública é Andrés Chadwick, à frente da pasta do Interior e da Segurança Pública, primo do mandatário.
O presidente do Chile também anunciou que pretende encerrar o estado de emergência a partir de domingo (27), depois de uma semana de fortes protestos iniciados pelo aumento do preço do metrô e estendido para outras demandas sociais, que incluem uma mudança no criticado sistema de previdência privada, criado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
— Se as circunstâncias permitirem, minha intenção é levantar todos os estados de emergência a partir das 24 horas do próximo domingo, de forma a contribuir para essa normalização que os chilenos tanto querem e merecem — afirmou.
Pouco antes, as Forças Armadas, que patrulham Santiago há uma semana, anunciaram a suspensão do toque de recolher - em vigor há sete dias na capital chilena.
Ministro da economia pediu perdão
Em meio ao caos pelos ataques ao metrô e os saques, o ministro chileno da Economia, Juan Andrés Fontaine, precisou se desculpar na última quinta-feira por declarações polêmicas que tinha feito sobre o aumento do preço do metrô. Em 8 de outubro, quando foi anunciada a alta da tarifa nos horários de pico, Fontaine afirmou:
— Quem madrugar será ajudado, assim, quem sair mais cedo e pegar o metrô às sete da manhã tem a possibilidade de uma tarifa mais baixa que a de hoje.
Diante dos fortes protestos, Piñera prometeu um conjunto de medidas para tentar conter a insatisfação social, entre elas um aumento de 20% das aposentadorias mais baixas - que muitos consideraram insuficiente.
Em junho passado, o chefe do executivo remodelou seu gabinete com mudanças em seis pastas, entre elas a Chancelaria, pela segunda vez em 15 meses, abalado pela queda de sua popularidade devido à deterioração das expectativas econômicas e à percepção negativa dos chilenos sobre seu governo.