Manifestantes foram às ruas nos arredores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em La Paz, na Bolívia, na noite desta terça-feira (22), diante da iminente conclusão da apuração dos votos das eleições de domingo (20), que inicialmente apontavam para um segundo turno e agora indicam uma vitória direta do presidente Evo Morales.
Centenas de pessoas participaram do ato. Os manifestantes, contrários ao presidente, lançaram paus e pedras contra a polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.
Os jovens, com máscaras, gorros e até capacetes, enfrentaram o forte esquema policial montado em torno do TSE, aos gritos de "fraude, fraude e fraude".
O grupo utilizou contêineres de lixo do serviço municipal para tentar fazer uma espécie de barricada contra a polícia de choque, queimando seu conteúdo.
Não há informação oficial sobre detidos ou feridos.
O vice-presidente do TSE, Antonio Costas, pediu demissão nesta terça, em meio às fortes críticas ao trabalho do organismo pela paralisação — de 20 horas — da contagem preliminar dos votos.
A renúncia foi motivada pela "desatinada decisão do Tribunal Superior Eleitoral de suspender a publicação dos números do Sistema de Transmissão dos Resultados Preliminares Eleitorais (TREP)", explicou Costas na carta dirigida ao vice-presidente boliviano, Álvaro García, também presidente do Congresso, que designa os membros do TSE.
"Não participei (desta decisão), apesar de ser vice-presidente do TSE", destacou Costas no documento.
A determinação de suspender o fluxo de informação produziu em mim "perturbação porque havíamos feito um trabalho esmerado, um trabalho cuidadoso, com 94% do TREP", disse à rádio Panamericana.
Foi uma decisão "precipitada não publicar (os dados e suspendê-los em 84%) e fazê-lo um dia depois, provocando uma situação tão complexa como irracional".
Quando a contagem rápida foi suspensa, o TREP havia contabilizado 84% dos votos válidos e dava 45,28% para o presidente Evo Morales, contra 38%,16 para Carlos Mesa, o que quase garantia um segundo turno.
Mas após uma inexplicável paralisação de 20 horas, a apuração mostrou uma mudança radical, com a eleição de Morales no primeiro turno.
A situação colocou sob suspeita o TSE e a missão de observadores da OEA pediu explicações ao órgão eleitoral.