O presidente da Itália, Sergio Mattarella, deu posse nesta quinta-feira (5) ao novo governo pró-europeu da terceira maior economia da Europa, um Executivo que deixa a extrema direita. O primeiro-ministro Giuseppe Conte e seus ministros do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e do Partido Democrata (PD) levantaram a mão direita para prestar juramento no palácio presidencial, em Roma.
— Estamos preparados para dar tudo pelo país — declarou o líder do M5S, Luigi Di Maio, que será ministro das Relações Exteriores.
A nova coalizão ainda precisa da aprovação do parlamento em uma votação prevista para ocorrer nesta segunda-feira (9) na Câmara baixa, e na terça (10), na Câmara alta.
— Boa sorte ao novo governo e a seus ministros. Vamos mudar a Itália! — disse a líder do PD, Nicola Zingaretti.
A primeira e principal tarefa do novo governo será o orçamento para 2020, que tem de ser submetido ao Parlamento antes do fim de setembro e, depois, à União Europeia (UE), em 15 de outubro. A escolha de Roberto Gualtieri, do PD, para ministro das Finanças é "extremamente positiva, em especial para as relações com a UE", aponta Lorenzo Codogno, ex-economista-chefe do Departamento italiano do Tesouro.
Formada pelo M5S e pela Liga (o partido de extrema direita anti-imigração de Matteo Salvini), a coalizão até agora no poder teve um duro embate com a União Europeia por seu orçamento — considerado muito expansivo aos olhos de Bruxelas.
Nesta quinta, os mercados reagiram com altas à nomeação do novo governo. O índice FTSE Mib da Bolsa de Milão ganhava 0,5%, após a cerimônia.
O novo Executivo é o mais jovem da história da Itália desde o Pós-Guerra, com uma idade média de 47 anos, e o que tem mais ministros do sul do país — mais pobre do que o norte.
Dos 21 ministros do governo, nove são do PD; dez, do M5S; um, do partido nanico de esquerda Livres e Iguais; e uma integrante sem filiação partidária, a nova ministra do Interior, Luciana Lamorgese.
Ex-secretária de Segurança em Milão, Luciana substituirá Salvini, o homem forte do governo anterior que, ao retirar o apoio de seu partido, provocou a queda do Executivo. Conhecido por sua atividade constante nas redes sociais, Salvini esperava provocar eleições e aproveitar, com isso, sua popularidade. O resultado foi o contrário do que ele esperava.
Nesta quinta, ele antecipou, porém, que o novo governo "não vai durar muito".
— Faremos oposição no Parlamento, nas prefeituras, nas praças e, no fim, votaremos e ganharemos — antecipou.
Segundo a imprensa italiana, Salvini se recusou a estar presente durante a transferência de poder para Lamorgese. A nova ministra do Interior "é a anti-Salvini, em termos midiáticos", diz o jornal "La Repubblica". "Não tem redes sociais. Nunca a verão fazendo uma Live no Facebook do alto do Ministério do Interior", acrescentou o jornal.
A principal tarefa de Luciana Lamorgese será abordar a delicada questão da imigração, que divide a Itália e proporcionou muitos votos para Salvini.