O deputado da oposição venezuelana, Gilber Caro, foi detido por agentes da Inteligência do governo nesta sexta-feira (26), quase um ano depois de ter sido solto. O parlamento de maioria opositora responsabilizou o governo do presidente Nicolás Maduro "pela vida e pela integridade" do deputado de 45 anos.
"Nas primeiras horas da manhã, a ditadura sequestrou o deputado @gilbercaro, violando sua imunidade parlamentar", declarou no Twitter Juan Guaidó, líder parlamentar reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países
"Não poderão deter todo um povo determinado a conquistar o fim da usurpação", acrescentou o opositor, que convocou para 1º de maio a "maior marcha na história" em seu empenho para derrubar o presidente Nicolás Maduro.
De acordo com a deputada Adriana Pichardo, Caro foi preso em um restaurante no setor de Las Mercedes, em Caracas.
— Não temos ideia do motivo dessa detenção. Achamos que eles podem tentar envolvê-lo em outro plano macabro — afirmou Pichardo em entrevista coletiva.
A deputada acrescentou que, aparentemente, ele foi levado para Helicoide, a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), em Caracas.
No restaurante onde ele foi capturado, "eles destruíram as câmeras para que nenhuma evidência de qualquer tipo permanecesse", relatou.
O líder pertence ao partido de Guaidó, Vontade Popular, que anunciou que levará o caso a instâncias internacionais.
De volta à prisão
Gilber Caro ficou preso entre janeiro de 2017 e 2 de junho de 2018, acusado de traição e de roubo de armas das Forças Armadas, mas nunca foi condenado. O líder foi solto com restrições junto com outros 39 oponentes por ordem da Assembleia Constituinte que governa o país com poderes absolutos.
Mais de cem opositores foram libertados da prisão em meados de 2018 por decisão desse órgão, alguns com medidas como a proibição de deixar o país e a apresentação periódica aos tribunais. Muitos não podem dar declarações à imprensa, segundo a ONG Fórum Penal, que contabiliza 790 presos na Venezuela por razões políticas.
Em outubro passado, depois de solicitar refúgio na Colômbia, uma juíza militar da Venezuela pediu desculpas a Caro por ordenar sua prisão.
Sua detenção acontece após a de Roberto Marrero, chefe de gabinete de Guaidó, preso por agentes do Sebin em 21 de março. Marrero foi acusado de fazer parte de um "grupo terrorista" que planejou ataques para desestabilizar o governo.
Pichardo relacionou a prisão de Caro à marcha convocada por Guaidó para 1º de maio, que o líder parlamentar antecipa que será a "maior da história" da Venezuela para exigir "o fim definitivo da usurpação".