O deputado venezuelano opositor Gilber Caro foi preso, na quarta-feira, em meio a uma operação para contra-atacar um suposto golpe de Estado que teria como alvo o presidente Nicolás Maduro. O anúncio da detenção foi feito pelo vice-presidente, Tareck El Aissami. Caro é parlamentar suplente.
– (Ele) foi capturado em flagrante com um fuzil automático leve, com inscrições das Forças Armadas, um carregador com 20 cartuchos e uma caixa de relógio com três barras de explosivos conhecidos como C-4 – denunciou El Aissami em uma transmissão televisiva.
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O vice-presidente acrescentou que o deputado do Vontade Popular – o mesmo do opositor preso Leopoldo López – se reuniu, entre o domingo e a segunda-feira, com várias pessoas nas cidades fronteiriças de Ureña, na Venezuela, e Cúcuta, na Colômbia, para planejar ações desestabilizadoras.
– Foi detido com base em informações de organismos de inteligência – sustentou, ao ressaltar que a captura ocorreu após Maduro ativar um "comando antigolpe", na terça-feira.
Segundo El Aissami, a oposição planeja ações violentas para derrubar o presidente, das quais faz parte uma marcha convocada para 23 de março, quando é lembrada a queda da ditadura militar de Marcos Pérez Jiménez. A oposição pretende exigir uma saída eleitoral para a crise política e econômica.
Maduro criticou os planos desestabilizadores depois que, na segunda-feira, a maioria opositora do Parlamento o declarou em "abandono de cargo" e criou um "comando anti-golpe" liderado por El Aissami. Caro permanece sob custódia do serviço de inteligência (Sebin), que realizou a detenção.
Reação
O presidente do Parlamento, Julio Borges, classificou de inaceitável a detenção de Caro e exigiu que sua imunidade parlamentar seja respeitada.
El Aissami afirmou que o legislador foi detido em 1993 por narcotráfico e homicídio, sendo condenado a 20 anos de prisão. Depois de obter benefícios processuais em 2004, foi libertado em 2013.
– É um homem de muita confiança de Lilian Tintori e muito vinculado ao (marido dela), Leopoldo López – acrescentou.
Tintori denunciou a captura como um "sequestro" por parte do vice-presidente, escreveu no Twitter. Caro atribui a condenação por homicídio a sua negativa de delatar o responsável de um assassinato. Segundo a oposição, na Venezuela há uma centena de "presos políticos".