Sobreviventes do ataque a duas mesquitas em Christchurch contam como pessoas e crianças foram impiedosamente executadas nesta sexta-feira (15) pelo homem fortemente armado, autor da pior chacina da Nova Zelândia.
Ao menos 49 pessoas morreram e 48 outras ficaram feridas no ataque, qualificado pela primeira-ministra Jacinda Ardern de "um dos dias mais sombrios da Nova Zelândia".
Uma das testemunhas é Anwar Alsaleh, que se preparava para a oração da sexta-feira na mesquita al Nur, no centro de Christchurch, quando o atirador entrou. Ele se escondeu no banheiro e tentou telefonar para os serviços de emergência enquanto ouvia os tiros. Segundo Alsaleh, o atirador gritava "Vamos matar todos vocês hoje!".
Ele afirma que ouviu pessoas suplicando por suas vidas: "foram crivados de balas até morrerem".
Pelo menos outras sete pessoas morreram na mesquita de Linwood, a 5 quilômetros de distância, onde Sayed Mazharuddin, que também presenciou o massacre, diz ter visto um homem usando boné atirar.
— Logo na entrada, estavam pessoas idosas sentadas para orar e ele começou a atirar nelas — afirmou ao New Zealand Herald, acrescentando:
— Uma mulher estava gritando e ele atirou no rosto dela.
Testemunhas descreveram o atirador como um homem branco com carregadores de munição presos às pernas. Ele estava "muito calmo", testemunhou um deles na Rádio New Zealand.
Uma bala raspou a cabeça de Mirwaiz, um refugiado afegão que preferiu não dar o sobrenome.
— (O atirador) começou a disparar do nosso lado e eu me deitei no chão, uma bala raspou minha cabeça. Alguns centímetros abaixo e eu estaria morto — contou a testemunha, dizendo ainda que fugiu da mesquita quando o atirador desviou sua atenção.
"Surreal"
Outros rastejaram pelas janelas quebradas ou fingiam estar mortos para sobreviver.
Carl Pomare passava pela mesquita Al Nur quando viu pessoas correndo do lado de fora da mesquita e caindo no chão. Ele parou para ajudar os feridos, incluindo uma menina de cinco anos de idade.
— Nós conseguimos colocá-la no carro de uma pessoa que parou e que a levou para o hospital, seu estado era grave — disse na Rádio New Zealand, complementando:
— O cara que meu empregado cuidava morreu em seus braços, infelizmente. Foi surreal.
Um herói
Atos de heroísmo foram relatados na mesquita de Linwood, onde segundo Sayed Mazharouddine, um homem conseguiu roubar uma arma do atacante, que interrompeu o tiroteio e correu para um carro que o esperava.
— Um jovem que geralmente cuida da mesquita (...) aproveitou a oportunidade e pulou sobre ele e pegou sua arma. Este homem, o herói, tentou persegui-lo (...). Ele (jovem) correu atrás do atirador, mas havia pessoas esperando por ele (o agressor) em um carro e ele fugiu"