A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, enviou nesta terça-feira (19) uma mensagem de paz aos muçulmanos e prometeu que jamais pronunciará o nome do autor dos ataques contra duas mesquitas em Christchurch, pedindo que a atitude seja seguida pelos demais parlamentares.
Em uma sessão especial do Parlamento, Ardern declarou que o supremacista branco responsável pelo massacre de Christchurch, cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia, enfrentará toda a força da lei.
Cinquenta fiéis foram mortos na sexta-feira (15), durante as orações da tarde, por um australiano de 28 anos que transmitiu ao vivo as imagens dos ataques, após ter publicado um "manifesto" racista.
— Com este ato terrorista buscava várias coisas, entre elas notoriedade, por isto jamais me ouvirão dizer seu nome. Peço a vocês: digam os nomes dos que morreram no lugar do nome do homem que provocou tais mortes. É um terrorista, um criminoso, um extremista — declarou Ardern aos deputados em Wellington, capital do país.
Com o discurso, muito emocionado, ela também enviou uma mensagem à comunidade muçulmana. Vestida de preto e com um gesto solene, a chefe de Governo, de 38 anos, abriu a sessão com a expressão "salam aleikum" ("que a paz esteja sobre vós", em árabe), habitual no mundo muçulmano.
Processo de identificação lento
Dezenas de famílias de vítimas de todo o mundo são aguardadas em Christchurch para os funerais. Contudo, a lentidão do processo de identificação e as necessidades das investigações médico-legais agravam a dor dos parentes das vítimas.
A tradição muçulmana prevê o sepultamento do corpo em um prazo de 24 horas após a morte.
A polícia anunciou nesta terça-feira (19) que entregou às famílias seis corpos de vítimas do massacre de Christchurch, mas advertiu que apenas 12 das 50 vítimas foram identificadas formalmente.
"A polícia é consciente da impaciência das famílias com o período de tempo necessário para o processo de identificação após o ataque terrorista de sexta-feira", afirmou a força de segurança em um comunicado.
De acordo com uma lista que circula entre as famílias, as vítimas tinham entre 3 e 77 anos. Muitos eram da região, mas outros procediam de países distantes como Egito e Jordânia.
Após o ataque, a primeira-ministra Ardern prometeu uma reforma na legislação sobre armamentos na Nova Zelândia, que permitiu ao atirador comprar o arsenal que usou no massacre, incluindo armas semiautomáticas.
Os neozelandeses começaram a responder ao apelo do governo para que entreguem suas armas.
Ardern afirmou que nos próximos dias serão anunciadas medidas precisas sobre as restrições, mas deu a entender que entre elas podem estar a compra de armas e a proibição de alguns fuzis semiautomáticos.
O extremista Brenton Tarrant, de 28 anos, foi acusado de assassinato, mas a primeira-ministra afirmou que ele responderá a mais acusações.
— Enfrentará toda a força da lei na Nova Zelândia — prometeu.
Ardern também anunciou uma investigação para determinar como o australiano planejou e executou os ataques na Nova Zelândia sem ser identificado pelos serviços de segurança.