Duas resoluções apresentadas pelos Estados Unidos e pela Rússia sobre a Venezuela não foram aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira (28). Os Estados Unidos pediam a realização de novas eleições no país e o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino, enquanto a Rússia defendeu um plano de "quatro fases", também apresentado pelo México e pelo Uruguai, para defender o diálogo entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição.
O projeto norte-americano teve nove votos a favor, três contra — incluindo dois membros permanentes, Rússia e China — e três abstenções. A proposta russa recebeu quatro votos a favor, sete contra e quatro abstenções. Como Rússia e China têm poder de veto no organismo das Nações Unidas, a resolução não passou, mesmo com maioria a favor.
Ambas as resoluções pediam que fosse facilitada a entrada de ajuda humanitária no país, o que Maduro chamou de "esmola" em ato político no sábado, rechaçando a proposta de vários países, entre eles o Brasil. Neste dia, foi realizado o show Venezuela Aid Live, que previa arrecadar US$ 100 milhões em ajuda humanitária e obteve apenas US$ 2,5 milhões.
Segundo o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, entre os dias 22 e 23 de fevereiro, quatro mortes teriam sido confirmadas no país e outras 64 pessoas teriam sido feridas, a maior parte delas com armas de fogo.
Os textos dos EUA e da Rússia
O texto submetido pelos Estados Unidos pedia a realização de eleições no país com a presença de observadores internacionais e reconhecia o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Também sugeria que se facilitasse a entrada de ajuda humanitária no país.
Apesar de ter uma maioria de votos favoráveis, este texto foi recusado pela Rússia e China, dois membros permanentes com poder de veto.
A segunda proposta de resolução, submetida pela Rússia, também defendia a entrega de ajuda humanitária ao país, com base nos princípios da ONU de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência.
Além disso, defendia o diálogo entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, recorrendo ao Mecanismo de Montevideo, um plano em quatro fases para solucionar a situação que foi proposto pelo México, Uruguai e os países da Comunidade do Caribe, Caricom.
O texto não recolheu votos suficientes para ser aprovado, sendo recusado pelos membros permanentes Estados Unidos, pela França e pelo Reino Unido.
Depois da votação, seguiu-se um momento de debate, com a participação dos 15 Estados-membros, numa sessão liderada pela Guiné Equatorial, que termina esta quinta-feira a sua presidência do órgão.