O príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, desembarcou nesta quarta-feira em Buenos Aires para participar da reunião do G20, na qual também é aguardado o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, com quem poderia se reunir à margem do encontro.
Salman foi recebido no aeroporto de Buenos Aires pelo chanceler argentino Jorge Faurie, informou a imprensa. O ministério saudita das Relações Exteriores publicou um vídeo de sua chegada.
É possível que Salman se reúna em Buenos Aires com Erdogan, no que seria o primeiro encontro entre os dois desde o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado da Arábia Saudita em Istambul em 2 de outubro.
A chegada do príncipe saudita acontece no mesmo dia em que a justiça argentina aceitou abrir uma investigação contra Salman por uma denúncia apresentada pelo grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch pelo assassinato de Khashoggi e por crimes de guerra no Iêmen.
"O juiz Ariel Lijo acatou o pedido do promotor Ramiro González", confirmou uma fonte judicial à AFP.
O magistrado solicitou à chancelaria que lhe informe sobre o status e condições diplomáticas da viagem do príncipe à Argentina para o G20, assim como informações de Turquia, Iêmen e da Corte Penal Internacional para determinar se há processos em andamento contra Salmán.
A denúncia contra o príncipe herdeiro foi apresentada na segunda-feira pelo diretor executivo da HRW, Kenneth Roth, segundo um comunicado da organização.
"A presença do príncipe herdeiro na reunião do G20 em Buenos Aires poderia transformar os tribunais argentinos em uma via de reparação para as vítimas de abusos que não podem buscar justiça no Iêmen ou na Arábia Saudita", considerou Roth.
A HRW explicou que levou em consideração que a Constituição argentina reconhece a jurisdição universal para os crimes contra a humanidade, ou seja, que podem ser investigados fora do local em que aconteceram e da nacionalidade das vítimas e dos supostos criminosos.
A Arábia Saudita enfrenta duras críticas internacionais pelo assassinato de Khashoggi, que era colunista do jornal Washington Post e crítico de Riad.
Nesta quarta-feira, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que não há evidências diretas ligando Salman à morte de Khashoggi.
"Acho que li todos os relatórios de inteligência que chegaram nas últimas horas. Li todos eles, não há nenhum elemento direto que ligue o príncipe herdeiro com a ordem dada para assassinar Jamal Khashoggi", afirmou Pompeo aos jornalistas após uma audiência a portas fechadas no Senado americano.
* AFP