O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na quinta-feira (18) acreditar agora que o jornalista Jamal Khashoggi está morto e alertou para consequências "muito severas" se a Arábia Saudita for considerada responsável.
— Certamente parece isso para mim. É muito triste — declarou Trump a jornalistas quando perguntado se ele acreditava que Khashoggi, que desapareceu há mais de duas semanas, não está mais vivo.
Além disso, o presidente americano garantiu que se a Arábia Saudita for responsável por sua morte, como especulam muitos meios de comunicação com base em provas de áudio gravadas no consulado em 2 de outubro, quando desapareceu, as consequências para o reino serão "severas":
— É um caso muito ruim, mas veremos o que acontece.
O secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, anunciou nesta quinta-feira que não assistirá a uma conferência econômica celebrada em Riad, em um sinal do endurecimento da posição de Washington contra a Arábia Saudita.
Já o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, revelou ter aconselhado Trump a dar "mais alguns dias" à Arábia Saudita para "completar" a investigação.
— Eu disse ao presidente Trump esta manhã que deveríamos dar a eles mais alguns dias. Para que nós também tenhamos uma compreensão completa dos fatos. Isso permitirá tomar decisões sobre como os Estados Unidos devem responder a este caso — disse Pompeo em torno do desaparecimento de Khashoggi.
No começo desta semana, Trump havia levantado a possibilidade de que o jornalista tivesse sido assassinado por pessoas não relacionadas ao poder saudita.
Khashoggi foi visto pela última vez entrando no consulado da Arábia Saudita em Istambul, no dia 2 de outubro, e desde então está desaparecido. Segundo funcionários turcos, o jornalista crítico do poderoso príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, foi assassinado no consulado por agentes de Riad.
Quatro conhecidos grupos de defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa pediram à Turquia que solicite uma investigação das Nações Unidas para impedir o "encobrimento" do suposto crime.
O Comitê para a Defesa dos Jornalistas, a Human Rights Watch, a Anistia Internacional e a Repórteres Sem Fronteiras assinalaram que uma investigação estabelecida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, esclareceria o caso.
Golpe no mercado
O caso Khashoggi também abriu um buraco na conferência da Iniciativa de Investimento Futuro, prevista para a próxima semana em Riad, que a imprensa chama de "Davos do Deserto" e que sobre uma série de deserções.
Além da desistência de Steven Mnuchin, não irão ao encontro os ministros da Fazenda de Grã-Bretanha, França e Holanda, assim como vários líderes empresariais.
A decisão de Mnuchin derrubou Wall Street, já que "desperta temores de que o governo adote uma linha mais dura em relação à Arábia", com represálias, destacou Karl Haeling, analista da LBBW.