O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou nesta quarta-feira (17) que esteja tentando "encobrir" a Arábia Saudita no caso de Jamal Khashoggi e disse esperar saber da verdade, nesta semana, sobre o que aconteceu com o jornalista supostamente assassinado na Turquia por agentes enviados por Riad.
— Não, (não estou encobrindo) nada, eu só quero averiguar o que está acontecendo — disse Trump a jornalistas na Casa Branca. — Não estou encobrindo — insistiu.
O presidente informou que receberá um "relatório completo" do secretário de Estado, Mike Pompeo, com quem se reunirá na manhã desta quinta-feira (18), no retorno do diplomata de suas reuniões com autoridades turcas e sauditas, e que então saberá a verdade.
—Provavelmente vamos saber algo até o final da semana — disse Trump.
Trump fez estes comentários logo após a publicação pela imprensa turca de revelações segundo as quais o jornalista teria sido torturado e assassinado por agentes sauditas no consulado de seu país em Istambul, no dia 2 de outubro. O jornal Yeni Safak relata ter tido acesso a gravações de áudio e informa que Khashoggi foi torturado durante um interrogatório e que os agentes sauditas cortaram seus dedos, antes de "decapitar" a vítima.
Segundo estas informações, os assassinos sauditas seriam agentes ligados ao príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS, um poderoso membro da família real saudita e ator-chave nos esforços por uma maior aproximação do reino com a Casa Branca. O governo norte-americano parece dar o benefício da dúvida à sua aliada, insistindo na vontade de Riad de realizar sua própria investigação.
Na terça-feira (16), em uma entrevista à agência americana AP, Trump pediu que se aplique o princípio da presunção da inocência para a Arábia Saudita.
O desaparecimento de Khashoggi, um cidadão saudita residente nos Estados Unidos durante o último ano, e crítico de MBS, pode ter colocado fim às aspirações do príncipe herdeiro de modernizar o rosto da Arábia Saudita. Também aumentou as pressões sobre a Casa Branca para que revise seus laços com um aliado de décadas, ambos rivais do Irã, inimigo regional de Riad desde a Revolução Islâmica de 1979.
Depois de advertir com um "castigo severo" caso Riad seja responsável pelo desaparecimento de Khashoggi, Trump voltou atrás em suas intenções de punir o reino saudita, que elogia como um importante aliado no Oriente Médio e comprador histórico de armas americanas.