Os sindicatos da Argentina paralisam o país com uma greve de 24 horas, nesta segunda-feira (24). O objetivo é demonstrar sua força ante o governo do presidente Mauricio Macri e rejeitar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Com os trens, metrô, ônibus e aviões parados, os organizadores do protesto calculam que pelo menos um milhão de trabalhadores devem aderir à greve.
Embora a convocação da Confederação Geral de Trabalhadores (CGT) se limite a uma paralisação das atividades, sem manifestações, setores mais radicais bloquearam os acessos à cidade de Buenos Aires com mobilizações.
Às 7h, grupos de ativistas começaram a fechar as principais avenidas de entrada a Buenos Aires, onde foram mobilizados centenas de policiais. No momento, muitas ruas da capital estavam desertas, sem atividades nas escolas.
Com um mal-estar crescente pela situação econômica, que levou o governo a fazer um acordo com o FMI, esta será a oportunidade para medir a capacidade de resistência sindical.
— A greve é contra o programa econômico, para que se abandone esta linha de ajuste permanente. O FMI sempre trouxe penúrias aos argentinos — disse Juan Carlos Schmid, dirigente da CGT.
Como proposta concreta, os sindicatos desejam o reinício das negociações de ajustes salariais deste ano, para um alinhamento com a projeção de inflação, calculada agora pelo Banco Central em 27%. As negociações que aconteceram, em sua maioria no início do ano, utilizaram como referência a meta de inflação anual de 15%.
Para tentar retomar o diálogo com os sindicatos, o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou desejar que as negociações salariais aconteçam livremente. O desemprego chegou a 9,1% no primeiro trimestre do ano, contra 7,2% no último trimestre de 2017.
Para enfrentar uma corrida cambial que começou no fim de abril e que provocou uma desvalorização da moeda de quase 35% no decorrer do ano, o FMI concedeu à Argentina um crédito stand by de 50 bilhões de dólares, o maior já estabelecido por este organismo.
O crédito tem vigência de três anos e, em troca, a Argentina se compromete a reduzir a zero em 2020 seu déficit fiscal, que no ano passado foi de 3,9% do PIB. Para isto é necessário interromper as obras públicas, reduzir o tamanho do Estado e limitar as transferências às províncias.
Como previsão, o acordo contém uma cláusula que permite ao Estado elevar o gasto em projetos sociais no caso de aumento da pobreza, que em 2017 atingiu 25%.