O governo britânico terá uma reunião de emergência, nesta quarta-feira (7), para examinar a questão do envenenamento de um ex-espião russo e sua filha, enquanto os especialistas tentam identificar a substância tóxica usada.
Serguei Skripal, 66 anos, ex-coronel do serviço secreto militar russo que passou informações aos britânicos, e sua filha, Yulia, 33 anos, que mora na Rússia e visitava o pai, estão entre a vida e a morte. Eles foram encontrados inconscientes no domingo (4) em um banco em uma rua da cidade inglesa de Salisbury, sudoeste da Inglaterra.
Testemunhas afirmaram que os dois pareciam estar sob os efeitos da heroína e não tinham ferimentos visíveis. Ambos estão sendo tratados em um hospital da cidade "por suspeitas de exposição a uma substância desconhecida", de acordo com a polícia do condado de Wiltshire.
A ministra britânica do Interior, Amber Rudd, presidirá a reunião do gabinete de crise "Cobra", que aglutina poucos membros do governo e a primeira-ministra Theresa May e que é ativado apenas em caso de atentados.
Na terça-feira (6), o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, afirmou no Parlamento que a Rússia é "uma força maligna e perturbadora".
Sintomas de substância química
A unidade antiterrorista da polícia assumiu a investigação, mas até o momento o caso não foi classificado oficialmente como atentado terrorista.
Perto da cidade de Salisbury fica o laboratório militar de Porton Down, onde a imprensa britânica acredita que a possível substância usada contra Skripal está sendo analisada.
O caso recorda o de Alexander Litvinenko, ex-espião que se tornou inimigo do presidente russo Vladimir Putin, assassinado com uma substância altamente radioativa - polônio 210 - colocada em seu chá em um hotel de luxo de Londres por dois agentes russos.
As imagens das câmeras de segurança mostram o ex-coronel caminhando normalmente com uma mulher pouco antes de sofrer os efeitos do envenenamento.
Malcolm Sperrin, médico que já trabalhou para o exército, acredita que Skripal e a filha podem ter sido vítimas de uma substância química e não radioativa.
— A velocidade com que aconteceu sugere que provavelmente não foi radiação, porque o envenenamento pode demorar de 10 horas a vários dias para mostrar os sintomas após a exposição. Alguns sintomas descritos no caso sugerem que pode ter sido químico, mas não podemos ter certeza. O tempo de reação após a exposição a substâncias químicas vai de segundos a minutos — disse.
A imprensa britânica especula que a substância usada pode ter sido o tálio, um metal tóxico que era usado como veneno de ratos.