Usar o cigarro eletrônico pode encorajar os jovens a começar a fumar, mas também pode ajudar os adultos a pararem, segundo uma pesquisa científica americana revelada nesta terça-feira (23).
O relatório da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina é baseado em mais de 800 estudos científicos revisados sobre os efeitos dos cigarros eletrônicos à saúde.
Foi compilado a pedido do Congresso americano, em meio ao aumento do debate internacional sobre se os cigarros eletrônicos são seguros ou prejudiciais à saúde.
Os cigarros eletrônicos, que ficaram muito populares na última década, são dispositivos portáteis que aquecem um líquido que contém nicotina para que os usuários possam inalar a fumaça.
Eles possuem "números menores e níveis mais baixos de substâncias tóxicas do que os cigarros convencionais", de acordo com o relatório.
Mas eles também são viciantes.
A quantidade de nicotina que podem conter é variável, mas usuários adultos e experientes de cigarros eletrônicos tendem a ter "um nível de nicotina comparável ao dos cigarros convencionais", levando a "sintomas de dependência".
Evidências revisadas sugerem que os cigarros eletrônicos "provavelmente são menos prejudiciais do que os provenientes do tabaco", afirmou David Eaton, presidente do comitê que fez o relatório.
"Em algumas circunstâncias, como a de adolescentes e jovens adultos que não fumam, seus efeitos adversos claramente justificam a preocupação", disse Eaton, decano da Universidade de Washington, em Seattle.
Os jovens são mais propensos do que os adultos a usar cigarros eletrônicos, e o relatório encontrou "evidências substanciais" de que estes aumentam o risco de fumar em relação ao dos cigarros convencionais.
Mas quando fumantes adultos usam cigarros eletrônicos para parar de fumar, "eles oferecem uma oportunidade para reduzir a doença relacionada ao tabagismo", declarou Eaton.
O relatório encontrou "evidências conclusivas" de que a substituição dos cigarros convencionais pelos eletrônicos "reduz a exposição dos usuários a substâncias muitos tóxicas e agentes cancerígenos presentes nos cigarros convencionais".
Alternar cigarros comuns com os eletrônicos também "tem menos resultados adversos à saúde em curto prazo em vários órgãos".
Mas seus efeitos em longo prazo continuam desconhecidos.
O relatório descobriu que "não há evidências disponíveis sobre se o uso do cigarro eletrônico" está associado ao câncer nas pessoas. No entanto, estudos em animais sugerem que o uso de cigarros eletrônicos em longo prazo "poderia aumentar o risco de câncer".
Os pesquisadores também não quiseram categorizar os cigarros eletrônicos como uma influência positiva ou negativa na saúde pública.
"Mais e melhores pesquisas sobre os efeitos do cigarro eletrônico em curto e longo prazo à saúde e suas relações com o tabagismo convencional são necessárias para responder algumas questões com clareza", aponta o relatório.
* AFP