Os Estados Unidos anunciaram no sábado (2) a saída de um pacto mundial da ONU sobre proteção de migrantes e refugiados. A justificativa foi considerá-lo "incompatível" com a política americana ditada pelo governo Trump e que o país é soberano em decidir as políticas relacionadas às próprias fronteiras.
Em setembro do ano passado, os 193 membros da Assembleia Geral da ONU aprovaram um acordo, chamado de Declaração de Nova York, com o objetivo de melhorar a proteção e a gestão dos movimentos de migrantes e refugiados.
O acordo concedeu ao Alto Comissariado da ONU para os Refugiados um mandato para propor a todos os países que formam a Assembleia Geral, em 2018, um pacto que teria dois eixos: definir respostas diante do problema de migração no mundo e um programa de ação. Diante da possibilidade de entrar em atrito com outros países, os Estados Unidos optaram por sair do acordo.
"Os Estados Unidos se orgulham de sua herança em matéria de imigração e de sua liderança no apoio a populações de migrantes e refugiados em todo o mundo (...) Mas a abordagem mundial da Declaração de Nova York é incompatível com a soberania americana", destacou no comunicado a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.
"O presidente Trump decidiu deter a participação dos Estados Unidos na preparação do pacto que aponta para obter um consenso na ONU em 2018 (...) Nenhum país fez mais do que os Estados Unidos, e nossa generosidade continuará. Mas nossas decisões sobre as políticas de imigração devem ser tomados pelos americanos, e apenas pelos americanos. Nós decidiremos a melhor forma de controlar nossas fronteiras e quem será autorizado a entrar no nosso país", completa.
Na administração Trump, os Estados Unidos já romperam vários compromissos assumidos durante a era de Barack Obama – entre eles o Acordo de Paris sobre o clima.
Recentemente, Trump retirou os Estados Unidos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), alegando que a instituição teria preconceitos contra Israel.
A saída dos EUA da Declaração de Nova York ocorre no momento em que nove países europeus e africanos, ONU, União Europeia e União Africana acabam de decidir empreender "nos próximos dias, ou semanas, ações urgentes de retirada" de migrantes vítimas de traficantes na Líbia.