Um tribunal de São Francisco, nos Estados Unidos, absolveu o imigrante ilegal mexicano acusado de assassinato e cujo caso foi citado pelo presidente Donald Trump para justificar a construção do muro na fronteira com o México. José Inés García Zárate, que no momento do crime já havia sido deportado cinco vezes e retornado aos EUA, foi declarado inocente do assassinato de Kathryn Steinle, em julho de 2015, informou a imprensa local.
O caso de Zárate foi citado por Trump como um exemplo da violência praticada por imigrantes ilegais e para criticar as chamadas "cidades santuário", que se opõem a colaborar com as autoridades federais no controle imigratório.
"Um veredicto vergonhoso no caso de Kate Steinle!", escreveu o presidente no Twitter. "Não é surpreendente que as pessoas do nosso país estejam irritadas com a imigração ilegal", completou.
Trump disse em 2015, durante uma entrevista ao canal CNN, que García Zárate, atualmente com 45anos, era um "animal que matou uma maravilhosa, linda mulher".
— Este cara já havia sido expulso para o México, mas o México nos envia novamente pela fronteira criminosos, narcotraficantes — completou o presidente, que chegou ao poder com um duro discurso anti-imigração, incluindo a promessa de deportar milhões de pessoas sem documentos.
O júri de seis homens e seis mulheres deliberou por quase uma semana. A Promotoria havia apresentado a possibilidade de condenação por homicídio em primeiro ou segundo grau, ou culposo. Nesta quinta-feira (30) ele foi declarado "não culpado". O imigrante foi condenado apenas por ilegal de armas, delito que pode resultar em uma pena de dois a três anos, que ele já teria cumprido em sua quase totalidade. García será deportado assim que for libertado.
Relembre o caso
O tiro que matou Kathryn Steinle em 15 de julho de 2015 partiu de uma pistola que Garcia encontrou envolvida em um pano. A defesa argumentou que a arma disparou quando ele a deixou cair por acidente e a bala ricocheteou no concreto antes atingir a mulher pelas costas em uma área turística. A arma havia sido roubada uma semana antes do automóvel de um agente federal.
O caso levou a Câmara de Representantes a aprovar um projeto de lei que impunha restrições de acesso a fundos federais para as "cidades santuário" e outro que endurecia as penas de prisão para imigrantes que retornaram ilegalmente aos EUA após sua deportação. A segunda legislação recebeu exatamente o nome de "Lei de Kate", em referência ao caso. Os dois projetos foram barrados no Senado.