Nem ruídos nem chamadas. Não há pistas do submarino argentino no Atlântico Sul, cinco dias depois de ter sido declarado perdido com 44 tripulantes e apesar dos esforços do operativo internacional de busca, no qual participam sete países.
Análises descartaram que os ruídos detectados nesta segunda-feira (20) a 200 metros de profundidade e 360 quilômetros da costa correspondam a um pedido de ajuda do submarino, como se pensou em um primeiro momento, acendendo uma luz de esperança.
No sábado (18) também caiu por terra a pista de sete tentativas de chamadas de satélite, que depois se comprovou que não correspondiam ao ARA San Juan, o submarino que parece ter sido engolido pelo mar depois de ter se comunicado pela última vez na quarta-feira, após reportar uma avaria de baterias.
— A análise da assinatura acústica não corresponde a algo batendo contra um casco de submarino — disse o porta-voz da Armada, Enrique Balbi. Segundo os estudos, se tratou de um "ruído biológico".
O porta-voz anunciou que navios oceanográficos argentinos com sonda de varredura do leito marinho irão, de todos os modos, ao ponto onde se detectou o som "para que não haja dúvidas e para descartar esse ruído".
— A busca continua — disse Balbi, detalhando que 14 embarcações e 10 aeronaves participam do rastreamento permanente da zona, apesar da tempestade que agita o mar desde quinta-feira.
A pista do "ruído" tinha enchido de esperança os quase cem familiares que aguardam notícias na base naval de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, aonde o submarino deveria ter subido no domingo.
Sem rastros
O ARA San Juan navegava entre o porto de Ushuaia e o Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires, quando perdeu qualquer contato, na quinta-feira.
Um dia antes, tinha reportado uma avaria nas baterias, e por isso "o comando da força disse que mudasse de rota e fosse para Mar del Plata", afirmou em coletiva de imprensa Gabriel Galeazzi, chefe da base naval dessa cidade.
No entanto, "não podemos associar a avaria com a emergência", porque o comandante do submarino comunicou depois por satélite que "estavam sem novidades pessoais e que continuavam navegando em imersão".
Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Brasil, Chile e Uruguai forneceram logística e equipamentos sofisticados para ajudar na missão de resgate no Atlântico Sul.
Não se sabe qual é a magnitude da avaria, nem se esta afetou a capacidade do submarino de propulsão ou de emergir.
O ARA San Juan tem capacidade de oxigênio para sua tripulação de sete dias e sete noites sem subir à superfície. "Isto é assim, mas não sabemos se não pode sair à superfície", disse Balbi, ao descartar fazer conjeturas a respeito.
Angústia
A angústia cresce entre os familiares dos tripulantes, que esperam notícias na base naval de Mar del Plata, centro das operações de busca e resgate.
O presidente argentino, Mauricio Macri, que está desde sexta-feira em uma residência de descanso 25 km ao sul de Mar del Plata, compareceu no início da tarde desta segunda-feira à base e se reuniu com os familiares por meia hora.
— A informação é que estão procurando, tomara que o localizem — disse à AFP Carlos Mendoza, pai de Fernando, tripulante do San Juan.
Ao seu lado está Carlos, irmão do submarinista.
— É preciso esperar e rezar, não há outra opção. Combinamos que íamos nos encontrar neste domingo em Mar del Plata e que íamos fazer um churrasco.
Na tarde desta segunda-feira (20), em frente à grade do prédio militar, repleta de cartazes com mensagens de solidariedade, várias pessoas se abraçavam em uma rede de oração.