A marinha da Argentina afirmou, nesta segunda-feira (20), ter detectado "ruídos" em uma área de busca ao submarino ARA San Juan, desaparecido há cinco dias com 44 tripulantes. Os sinais foram identificados perto da Península de Valdes, no sul do país.
— Foram detectados a 360 quilômetros da costa, na borda de um talude, com profundidade média de 200 metros. Coincidem com o caminho que o submarino teria tomado para subir à base, como estava previsto — disse o porta-voz Enrique Balbi, em coletiva de imprensa em Buenos Aires.
Segundo Balbi, a análise do material, com um software especial, "levará em torno de três horas". Os ruídos foram registrados por dois navios argentinos, e, após a novidade, dois aviões foram enviados ao local.
— Não quero criar falsas expectativas — disse o porta-voz. — Agora, temos um ponto onde buscar, sem descuidar de toda a área de operações — acrescentou.
O ARA San Juan é um dos três submarinos da marinha argentina, que o incorporou em 1985. A detecção dos sinais foi recebida com cautela pelas autoridades.
No sábado (18), sete tentativas de chamada por telefone de satélite foram captadas. A informação chegou a renovar as esperanças das famílias dos tripulantes. No entanto, a companhia responsável pelo serviço de telefonia declarou, nesta segunda (20), que as chamadas partiram de outras embarcações na região.
O "ARA San Juan" navegava entre o porto de Ushuaia e Mar del Plata, a 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires, quando perdeu contato, na quinta (16). Um dia antes, havia reportado uma avaria nas baterias. Por isso, o comando da força disse para mudar de rota e ir a Mar del Plata, afirmou Gabriel Galeazzi, chefe da base naval dessa cidade.
Angústia entre familiares
Sete países (Brasil, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Chile e Uruguai) forneceram logística e equipamentos para ajudar na missão de resgate. Enquanto isso, a angústia cresce entre os familiares dos tripulantes, que esperam notícias na base naval de Mar del Plata, centro das operações de busca e onde o ARA San Juan deveria ter subido no domingo (19).
O presidente argentino, Mauricio Macri, compareceu no início da tarde à base e se reuniu com os familiares por meia hora.
— A informação é de que estão procurando, tomara que localizem o submarino — disse Carlos Mendoza, pai de Fernando, um tripulante do San Juan.
Na tarde desta segunda (20), em frente à grade do prédio militar, repleta de cartazes com mensagens de solidariedade, várias pessoas se abraçavam em uma rede de oração.
— Tivemos poucas situações de crise, de choro — comentou Enrique Stein, da equipe de psicólogos que auxilia os familiares, embora admita que "a angústia cresce" no local.