A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) denunciou nesta sexta-feira (1º) "uma degradação rápida, profunda da liberdade de imprensa" no mundo, além de "situações extremamente graves" na América Latina – particularmente no México, na Venezuela e na Colômbia.
– A América Latina é um continente particularmente afetado pela violência contra os jornalistas – disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, em entrevista coletiva em Bogotá, na véspera de uma reunião de correspondentes latino-americanos dessa ONG, com sede em Paris e com escritórios em 130 países.
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Deloire denunciou, assim, "situações extremamente graves em países como o México", onde mais de 100 jornalistas foram assassinados desde 2000.
Ele também condenou a "violência institucionalizada, que permite agredir jornalistas, transformada em política de Estado" pelo governo de Nicolás Maduro na Venezuela.
Em relação à Venezuela, o diretor da RSF na América Latina, Emmanuel Colombié, mencionou "mais de 550 agressões desde 1º de abril" contra repórteres, enquanto "35 jornalistas foram detidos por cobrir as manifestações" e "mais de 50 canais de televisão e rádio, nacionais e internacionais, foram tirados do ar arbitrariamente desde o início do ano".
Ele apontou ainda que a Colômbia, que firmou em novembro passado um acordo de paz com a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), avançou cinco lugares no ranking de liberdade de imprensa elaborado pela RSF, mas continua na 129ª posição entre 180 nações.
Ao lembrar que houve 58 assassinatos de jornalistas entre 2000 e 2015, Deloire denunciou o fato de que "ainda há buracos negros na informação" e "os jornalistas são ameaçados de uma maneira extremamente violenta" em muitas regiões.
O diretor de América Latina também considerou "essencial que as cláusulas dos acordos de paz que se ocupam dos meios de comunicação sejam aplicadas o mais rápido possível" para garantir um maior pluralismo da informação.
– Em escala mundial, há uma degradação rápida, profunda da liberdade de imprensa (...) incluindo em democracias que caíram em uma repressão muito forte – insistiu Deloire, nessa entrevista coletiva.
Ele classificou especialmente a Turquia como a "maior prisão do mundo atualmente para jornalistas, com mais de 100 detidos", e também advertiu que a China, "não satisfeita com reprimir a liberdade de imprensa em seu país, tenta impor uma nova ordem mundial aos meios de comunicação".