O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu, nesta segunda-feira, um aumento "histórico" nos gastos das Forças Armadas no próximo orçamento federal, que contempla, por outro lado, cortes na ajuda internacional.
– Este orçamento é a expressão de minha promessa de manter os Estados Unidos seguros. Incluirá um aumento histórico nos gastos de defesa – disse o presidente à imprensa após uma reunião com governadores na Casa Branca.
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Uma fonte do governo destacou que Trump pedirá ao Congresso um aumento equivalente a 9% do orçamento militar, o qual será compensando com cortes em outros setores da máquina pública.
– A maioria das agências federais terá uma redução como resultado – disse a fonte, que pediu anonimato. – Além disso, também acontecerá uma grande redução na ajuda internacional – completou.
O gasto militar dos Estados Unidos já é o maior do mundo. O orçamento anual de quase US$ 4 trilhões define as intenções da Presidência. Mas a proposta inicial de Trump, que prometeu limpar o orçamento de gastos supérfluos e redundantes, não inclui planos sobre gastos obrigatórios, ou impostos, que compõem a maior parte das receitas e despesas.
O presidente enfrenta uma dívida federal de US$ 20 trilhões e um déficit de 3,1% do PIB, em alta. Diante do desafio, suas promessas – como construir um muro na fronteira e acelerar as deportações de imigrantes em situação ilegal – têm um custo calculado em US$ 5,3 trilhões, segundo o apolítico Comitê para um Orçamento Federal Responsável.
Orçamento descomunal
O orçamento americano para defesa aprovado para o ano fiscal em curso – incluindo o Departamento da Defesa, atividades nucleares de defesa e outras correlatas – chega a US$ 615 bilhões. Esse orçamento é quase o triplo do da China, que tem o segundo maior valor em termos militares, e quase oito vezes superior ao da Rússia, de acordo com o instituto especializado sueco Sipri.
Tradicionalmente, nos EUA, os gastos militares e de defesa correspondem à metade do orçamento federal.
Um dia antes de seu esperado primeiro discurso no Congresso, Trump antecipou que seu projeto para o próximo orçamento federal se concentrará na "Segurança Nacional" para proteger os americanos.
– Conhecerão detalhes amanhã (terça-feira) à noite – disse Trump à imprensa, referindo-se ao discurso no Congresso. – Será um evento enorme, uma mensagem ao mundo nesses tempos perigosos, sobre a força e a determinação dos Estados Unidos – antecipou o presidente.
Para Trump, os Estados Unidos devem voltar a "ganhar guerras".
– Quando eu era jovem, todo o mundo dizia que os Estados Unidos nunca perderam uma guerra. Lembram disso? Agora, não ganhamos mais nenhuma –, afirmou.
As declarações de Trump provocaram reações imediatas por todos os lados. O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que o orçamento militar antecipado por Trump é "moralmente indefensável".
– Esse orçamento moralmente indefensável do presidente Trump vai enviar mais e mais dinheiro para o Pentágono em prejuízo dos mais pobres e do planeta. É uma péssima ideia – comentou o legislador.
Segundo ele, esse aumento nos gastos militares forçará cortes em programas "que beneficiam a classe média, protegem os consumidores e asseguram a qualidade do ar e da água".
No início de fevereiro, em audiências no Congresso, membros da cadeia de comando militar afirmaram que as Forças Armadas se encontram claramente enfraquecidas, depois de anos de cortes orçamentários e de mais de duas décadas de participação em conflitos.
O ex-presidente Barack Obama aplicou reduções no orçamento de defesa depois do fim das operações americanas em larga escala no Iraque e no Afeganistão.
*AFP