O presidente gambiano em final de mandato, Yahya Jammeh, decretou estado de emergência nesta terça-feira (17), alegando que há "um nível de ingerência estrangeira excepcional e sem precedentes" no processo eleitoral do país - em pronunciamento transmitido pela televisão.
No discurso, lamentou "a atmosfera hostil injustificada que ameaça a soberania, a paz e a estabilidade do país".
O anúncio foi feito a dois dias da posse do sucessor eleito de Jammeh, Adama Barrow, que está no Senegal.
O país se encontra em crise desde que Jammeh anunciou, em 9 de dezembro, que não reconheceria os resultados das eleições eleitorais de 1º de dezembro. Foi uma mudança de postura radical, já que, uma semana antes, chegou a felicitar Barrow pela vitória.
Yahya Jammeh diz querer permanecer no cargo até que a Justiça se pronuncie sobre o recurso apresentado por ele, apesar das pressões internacionais para que ceda o poder na quinta-feira.
"O presidente Jammeh está perdendo oportunidades de respeitar a palavra do povo gambiano e de fazer um transferência de poderes pacífica para o presidente eleito", declarou o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby.
A Nigéria anunciou, por sua vez, que acelera seus preparativos militares aéreos.
"Vamos nos mobilizar muito rápido para Dacar, no Senegal", disse à AFP uma fonte do quartel-geral da Defesa nigeriana, mencionando o envio de "pilotos, técnicos e pessoal de manutenção" dos aviões.
"Esse envio está relacionado com os acontecimentos em curso na Gâmbia", completou a mesma fonte.
Segundo a Constituição, o estado de emergência dura sete dias a partir do momento do decreto, mas pode ser prorrogado por até 90 dias com a aprovação da Assembleia Nacional. A Casa deu sinal verde para sua extensão nesta terça.
Grã-Bretanha e Holanda, dois países com o maior número de turistas na Gâmbia, aconselharam seus nacionais a evitar viagens ao país, ou que voltem para casa, se já estiverem lá.
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